Por thiago.antunes

Brasília - Entre as dez pessoas mortas no massacre de Pau D'Arco, no Pará, sete eram da mesma família. Para o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, esse é um indício forte de que a versão da Polícia Militar, de que os agentes teriam sido recebidos a tiros, é falsa.

“Quando viram que a polícia estava se aproximando, deixaram o local onde estavam acampados e entraram na mata. As sete pessoas permaneceram juntas, embaixo de uma árvore, onde foram executadas”, disse.

Em Marabá (PA)%2C manifestação lembra os mortos e pede puniçãoReprodução

Entre as vítimas da chacina de quarta-feira estão a presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Pau D'Arco, Jane Júlia de Oliveira e seu marido, Antonio Pereira Milhomem. Os policiais militares e civis que participaram da ação foram ao local para cumprir 16 mandados judiciais expedidos pela Vara Agrária de Justiça de Redenção (PA).

Para Frigo, que foi enviado ao Pará, chama a atenção o fato de que nenhum policial tenha sido ferido durante a ação policial. “As pessoas estavam acampadas no meio do mato, em local de difícil acesso. Chovia torrencialmente, o que pode explicar que o grupo não tenha percebido a aproximação da polícia. A tese de que os policiais foram recebidos à bala cai por terra, já que não houve sequer um policial ferido”, disse.

Frigo disse que "está claro que houve sem-terra baleado pelas costas, tentando escapar da ação policial. Segundo ele, ao menos um sobrevivente foi alvejado por trás. A Secretaria Estadual de Segurança Pública afirmou que o objetivo do governo estadual é garantir o rigor nas investigações.

O órgão disse, em nota, que “dez pessoas acabaram mortas durante o tiroteio”, como resultado da “resistência e reação do grupo”.  Apesar disso, a Secretaria afastou 21 policiais militares e oito policiais civis que participaram da operação, de forma temporária, por conta de uma resolução do Conselho Estadual de Segurança Pública. Os agentes entregaram as armas e deixarão suas atividades por 40 dias.

Silêncio do presidente

O presidente Michel Temer ainda não fez comentários públicos ou oficiais a respeito do massacre. Os ministros Raul Jungmann (Defesa), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Osmar Serraglio (Justiça) foram questionados sobre o tema em entrevista no Planalto, ontem. Serraglio disse que a sua pasta está acompanhando o caso com a "presença" da Polícia Federal, sem dar maiores detalhes.

Você pode gostar