Brasília - Se depender do conhecimento do novo titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública, não haverá muita ajuda federal para combater a insegurança no Rio de Janeiro, ou em qualquer lugar do país. Nesta quarta-feira, ao tomar posse, Torquato Jardim, promovido ao cargo para auxiliar nas tentativas de sobrevivência de Michel Temer, assumiu a pouca importância que dá para o tema.
“Minha experiência em segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados. Em Brasília e no Rio de Janeiro”, disse aos repórteres, em sua primeira entrevista à frente da pasta. Jardim disse ainda que não tomou nenhuma decisão sobre a permanência do delegado Leandro Daiello à frente da Polícia Federal. “Só daqui a três meses poderei responder essa pergunta”, desconversou.
Questionado se a falta da confirmação do diretor-geral da PF não enfraquece a atuação do delegado, Jardim disse que ele próprio, como ministro, depende de avaliações constantes. A troca no comando da Polícia Federal é um desejo de muitos políticos incomodados com o “descontrole” do órgão, que, apesar de subordinada ao Ministério da Justiça, tem agido com independência, em especial na Operação Lava Jato.
A instituição, inclusive, se prepara para tomar o depoimento de Michel Temer nos próximos dias, dentro do inquérito que investiga o encontro do presidente com o empresário Joesley Batista.
A defesa de Temer pediu nesta quarta que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconsidere a autorização dada à Polícia Federal para interrogar Temer antes do término da perícia na gravação da conversa. O ministro negou o pedido, mas lembrou que o presidente tem o direito de ficar calado diante de perguntas que não quiser responder — as que abordem o áudio sob perícia, por exemplo.