Rio - O presidente Michel Temer está disposto a sepultar a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara antes que ela chegue a plenário. Líderes foram orientados pelos ministros palacianos para, se necessário, até trocar deputados ‘indecisos’ da base e assegurar os votos para evitar que a denúncia avance ao plenário – onde o Governo precisa de 172 votos para barrá-la.
A conferir
No ‘denunciômetro’ monitorado dia a dia no Palácio, Temer tem, hoje, até 290 votos no plenário da Câmara contra a denúncia de Janot, caso o processo avance.
Queda do núcleo
O presidente perdeu todos os assessores especiais. Foram embora José Yunes e Sandro Mabel (pediram demissão); Rocha Loures e Tadeu Filippelli (presos pela PF).
Corporação
Aécio Neves, senador afastado e com o camburão na porta, trabalha ativamente por telefone, de casa, em contato com senadores. Da base e da oposição.
O cotado
Cotado para ser o relator da denúncia do PGR Janot contra o presidente Temer na CCJ, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) foi citado nas delações da JBS e coleciona polêmicas. Apesar de o Palácio negar intenção de emplacá-lo, Alceu é visto como “de perfil ideal” para tentar desqualificar os argumentos de Janot.
‘Vagabundos’
Em outubro de 2016, no plenário da Câmara, Alceu Moreira atacou os aposentados por invalidez. “Aviso aos navegantes, o tempo da vagabundização remunerada acabou. Não adianta gritar. Vagabundo remunerado não receberá”, discursou.
Memória
Na delação, executivos da JBS relataram um pagamento de R$ 200 mil em espécie a Alceu Moreira no dia 27 de agosto de 2014.
Figa
A oposição faz figa para que o PGR apresente a denúncia contra o presidente Temer no início da próxima semana para contaminar a votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), prevista para terça-feira.
Bronca
“Se (a denúncia) vier antes, não haverá clima para votar”, diz o líder petista, senador Lindbergh Farias (RJ), o maior entusiasta.
Recompensa
Os fiéis deputados do PMDB Carlos Marun (MS) e Darcísio Perondi (RS) são cotados para ministérios em eventual minirreforma. Eventual se o peemedebista conseguir se manter; e emergencial em caso de uma provável debandada do PSDB.
Janot x Gilmar
A guerra fria entre o PGR Janot e o ministro do STF Gilmar Mendes tende a esquentar nos próximos dias. Janot irá decidir se acolhe ou não o pedido de investigação contra Gilmar por crime comum apresentado pelo ex-procurador- geral Cláudio Fontelles.
Segurou..
Sete dias antes da revelação do escândalo JBS, em 10 de maio, Janot se manifestou contra um pedido de impeachment do ministro Gilmar por falta de “elementos legais para o pedido ir adiante”.
..mas voltou
O novo pedido de Fontelles tem peso. Baseou-se na denúncia da própria PGR, que apontou crime de corrupção passiva e obstrução de Justiça de Aécio Neves em conversa telefônica com Gilmar, incitando tráfico de influência do togado em votação no Senado.
Além fronteiras
Foi a amizade de mais de 20 anos do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) com o ativista indiano e Nobel da Paz (2014) Kailash Satyarthy que motivou o lançamento do Movimento Parlamentar Sem Fronteiras, para ajudar crianças carentes pelo mundo.