São Paulo - O prefeito de São Paulo, João Doria, tentou ontem limpar a imagem da sua gestão depois de polêmicas envolvendo a forma como a prefeitura trata os moradores de rua da cidade. Ele anunciou o aumento do número de assistentes sociais que rodam a cidade à noite para convencer sem-teto a irem para abrigos públicos de 79 para 719, com a realocação de equipes que trabalhavam de dia.
As medidas vêm depois que guardas-civis metropolitanos (GCMs) foram acusados de, na noite de quinta-feira, terem tentado impedir a distribuição de sopa quente para moradores de rua e dependentes químicos da Cracolândia.
A denúncia foi feita pelo padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua. “O grupo Mensagem de Paz está oferecendo sopa quente, água e acolhida na Cracolândia e estão sendo pressionados e impedidos pela GCM. Informei ao secretário de Segurança Urbana da Prefeitura. É inaceitável", escreveu o padre, em sua conta no Facebook. O incidente aconteceu por volta das 22 horas.
O secretário de Segurança Urbana, coronel José Roberto Rodrigues, confirmou ter recebido telefonema do padre. Ele telefonou para o inspetor responsável pela trabalho da Guarda na região. “Falei com o inspetor que estava lá para deixar distribuir. Existe decreto de que o alimento manipulado não poderia ser (entregue), mas como é uma igreja e o pessoal está empenhado em relação ao frio, falei para o inspetor: 'Libera aí a sopa'.”
Na quarta-feira, moradores de rua reclamarem de terem sido acordados com jatos de água na Praça da Sé por uma empresa de limpeza a serviço da prefeitura. A temperatura em São Paulo era de 7,9 graus naquela madrugada. O prefeito negou e disse que apenas quatro cobertores dos moradores de rua teriam sido molhados.
Segundo a Prefeitura, há 12.696 vagas para moradores de rua em abrigos. Na noite de quinta, a ocupação chegou a 10 mil. A população de rua da capital é de cerca de 20 mil pessoas.