São Paulo - O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) afirmou estar se aconselhando com "uma nova geração de economistas" para formular propostas para a eleição presidencial de 2018. Deste grupo faz parte o secretário da Fazenda do Ceará, Carlos Mauro Benevides Filho, de 58 anos, disse o presidenciável em entrevista exibida na madrugada desta segunda-feira, pela TV Bandeirantes.
Filho do ex-senador Mauro Benevides (PMDB-CE), o economista é formado pela Universidade de Brasília, doutor pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, e professor da Universidade Federal do Ceará.
Ciro não informou detalhes sobre as conversas que vem mantendo com os economistas, mas fez críticas contundentes à política cambial - "um roubo" -, ao "rentismo", à forma como a dívida pública é administrada - ele sugeriu a realização de uma auditoria - e à reforma da Previdência tal como projetada pela gestão Michel Temer - formada por uma "quadrilha de golpistas", segundo ele. Ciro sugeriu a realização de uma "grave reforma fiscal", com o aumento da carga tributária para a população mais rica, e o fim dos privilégios nas aposentadorias do setor público.
Bolsonaro é 'mais íntegro' do que tucanos
?Ciro passou a falar do PSDB quando fazia uma avaliação sobre Bolsonaro, seu provável adversário nas eleições presidenciais de 2018. De acordo com o pedetista, o fato de o deputado fluminense aparecer em segundo lugar nas pesquisas, com até 17% dos votos, é reflexo da "indignação justíssima de uma fração enorme do povo brasileiro com a política tradicional" e da "crença de que uma autoridade forte, um machão, um exagerado" seria necessário para dar rumos ao País.
O pedetista acredita, no entanto, que a declaração de voto em Bolsonaro é uma expressão "catártica" das insatisfações de uma parcela do eleitorado neste momento, e que não necessariamente vai se transformar em voto. "Eu acredito que na hora que o PSDB parar de fazer bobagem no atacado e no varejo, eles (o candidato tucano e Bolsonaro) vão começar a se canibalizar reciprocamente "
"E o PSDB, com todo defeito... Eu acho que o Bolsonaro, sob o ponto de vista pessoal, é mais íntegro do que qualquer tucano nesse momento. Eu, Ciro Gomes, acho, não concordando com absolutamente nada do que o Bolsonaro fala, diz ou representa, que ele é mais íntegro, ou seja...", disse o pedetista. Nesse momento, ele foi interrompido e questionado se a comparação valia também para o senador e presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE).
"(Vale) inclusive (para) o Tasso, meu velho, estimado e respeitado amigo. Porque não é possível o PSDB, o Tasso, (...) (fazer) encaminhamento pra impunidade do Aécio voltar ao Senado. O Aécio pode ser um representante de Minas Gerais, pode ser um senador da República Brasileira, mas não é digno. Aí faz um discurso no dia seguinte de ser presidente do PSDB. Peraí um pouquinho", afirmou Ciro.
O pedetista passou então a falar da relação entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e Doria. "Todo mundo sabe que se o PSDB quiser ter alguma chance, nas declinantes chances pelo contínuo cometimento de erros, o homem mais viável é o Alckmin, que é governador de São Paulo, que tem experiência, tem vivência. E que inventou este farsante, prefeito de São Paulo. 'Prefake' de são Paulo. Prefeito falso. É farsante, pura e simplesmente."
Apesar de considerar que os tucanos deverão absorver uma parcela dos eleitores que declaram voto em Bolsonaro no momento, Ciro também mostrou disposição para brigar pela preferência dos "bolsominions" - como são chamados os apoiadores do deputado na internet. "O eleitor do Bolsonaro é meu. Ele não percebeu, mas eles estão procurando seriedade, autoridade. Sou que eu sou isso, de verdade."