Brasília - Em seu discurso de posse no comando do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, o ministro Raul Jungmann criticou a classe média que pede segurança, mas, ao mesmo tempo, consome as drogas ilícitas que financiam o crime organizado.
“Me impressiona no Rio de Janeiro, onde vejo as pessoas durante o dia clamarem pela segurança, contra o crime, e à noite financiarem esse crime pelo consumo de drogas. Não é possível! São pontas que se ligam e precisam de estratégias diversas para serem combatidas”, disso Jungmann.
A cerimônia, realizada nesta terça-feira no Palácio do Planalto, teve a participação do presidente Michel Temer, dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e de outros ministros do governo.
Ele ainda defendeu um papel maior do governo federal na segurança. Hoje, essa responsabilidade recai principalmente sobre os estados. Jungmann ainda chamou atenção para o fato de a segurança, diferente da educação e da saúde, não ter piso de gastos públicos.
O ministro ainda falou sobre as “quadrilhas” que continuam dentro do sistema carcerário apavorando a cidadania e que o sistema se tornou um “home office” do crime organizado.
“Se olharmos mais amplamente o que vem acontecendo em termos do crime organizado, o cenário é tão desolador ou mais. É dentro do sistema prisional brasileiro que surgiram as grandes quadrilhas que nos aterrorizam. Quadrilhas que continuam, de dentro do sistema carcerário,a controlar o crime nas ruas e a apavorar a nossa cidadania. Sistema carcerário esse que, infelizmente, continua a ser em larga medida o home office do crime organizado”, afirmou o ministro.
O novo ministério foi criado por meio de Medida Provisória publicada na edição desta terça-feira do Diário Oficial da União. Uma das funções do ministro será gerenciar o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que, junto com a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional passarão a ser coordenadas pela nova pasta e não mais pelo Ministério da Justiça.
Jungmann ainda afirmou que a criação do ministério tem o objetivo de integrar ações com estados e municípios. “Eu diria que a União precisa ampliar suas responsabilidades e coordenar e promover a integração entre os federativos, estados e municípios”, disse.
O ministro também defendeu o combate do crime organizado, masf sem violar direitos humanos. “Combater duramente, enfatizo, duramente, o crime organizado, sem jamais desconsiderar a lei e os direitos humanos”, declarou.
Raul Jungmann ocupava o Ministério da Defesa desde o início da gestão de Temer, em maio de 2016. Com a saída dele, o general do Exército Joaquim Silva e Luna assumiu de foma interina o comando da pasta.