A poucos metros do palanque, antipetistas são contidos pela polícia
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A poucos metros do palanque, antipetistas são contidos pela polícia FOTOS Heuler Andrey / AFP
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Brasília - O dia seguinte ao ataque sofrido pela caravana do ex-presidente Lula foi marcado por manifestações de autoridades e políticos das mais diversas posições políticas contra os sinais de acirramento da violência política no país. O candidato do PSDB à presidência, que havia dito no primeiro momento que o PT "estava colhendo o que plantou", ontem ajustou o discurso. "Toda forma de violência deve ser condenada". "É papel de homens públicos pregar a paz e a união entre os brasileiros". O ministro Raul Jungmann chamou o episódio de "inaceitável". O presidente Michel Temer lamentou o ataque, dizendo ser preciso "reunificar os brasileiros".

A nota destoante ficou por conta do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Ele disse, pela manhã, que "Lula quis transformar o Brasil num galinheiro, agora está por aí colhendo ovos por onde passa". "É tudo mentira. Está na cara que alguém deles deu os tiros", disse, em Ponta Grossa (PR).

O início da investigação do atentado cometido contra a caravana de Lula na noite de quarta-feira foi em clima de desencontro de informações. A Polícia Militar chegou a afirmar que o ex-presidente não estava na comitiva, composta de três ônibus e teria se deslocado de helicóptero. Já a Polícia Civil afirmou que não houve pedido formal de escolta do comboio. Para completar, a Polícia Rodoviária Federal, em relatório, disse que os carros da instituição que acompanhavam os veículos dos apoiadores do petista não viram "nada de anormal" no percurso onde houve o ataque, em Laranjeiras do Sul.

O PT refutou a Polícia Militar, informando que Lula estava no primeiro ônibus da caravana, o único dos três que não foi atingido por tiros. Imagens mostram o ex-presidente saindo de um dos veículos horas depois do atentado. O partido também disse ter informado aos governos federal e estadual sobre a realização da caravana.

Duas equipes especiais da Polícia Civil paranaense investigam o incidente e fizeram varreduras na beida da . Peritos examinaram os dois ônibus, um deles atingido por dois tiros, o outro por um, mas o laudo só deve sair na próxima semana.

O grupo Advogadas e Advogados pela Democracia coletou uma série de publicações de grupos antipetistas que citavam possíveis ações criminosas contra a caravana. Em uma representação entregue ao Ministério Público do Paraná, o coletivo denunciou dez pessoas como suspeitas de terem participado do atentado com base nas publicações.

Incitação via WhatsApp

"Estamos diante de uma situação clara onde não há apenas falta de civilidade, mas a prática de crimes. A apologia e incitação à prática de crimes, e ações concretas que culminam até em uma prática de homicídio", disse o procurador de Justiça Olympio Sotto Maior.

A representação traz prints de conversas via WhatsApp dos grupos "Caravana Contra Lula 26/03" e "Foz contra Lula 26/03". Nelas, uma pessoa cujo número de telefone já foi identificado, propõe: "Vamos trocar os ovos por bala de borracha e munição letal, que vai ser bem mais eficaz".

Outro integrante escreveu: "Tem que meter bala, aproveita que tá de noite, mirar nos pneus, motor e bala". Outro pergunta "Onde arruma esses 'miguelitos'?". Os pneus dos ônibus da caravana também foram atingidos por 'miguelitos'.

A caravana de Lula pelo Sul se encerrou com um comício em Curitiba, ao qual compareceram outros candidatos de esquerda ao Planalto (Manuela D'Ávila, do PC do B, e Guilherme Boulos, do Psol), em solidariedade a Lula. Um grupo de cerca de 150 manifestantes, muitos ligados ao MBL, levou ovos para o evento, mas foi contido por policiais a cavalo.

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