Amigo e ex-assessor de Temer, José Yunes foi preso em março São Paulo pela Polícia Federal - Reprodução / YVB
Amigo e ex-assessor de Temer, José Yunes foi preso em março São Paulo pela Polícia FederalReprodução / YVB
Por ESTADÃO CONTEÚDO

São Paulo - A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira seis pessoas investigadas em inquérito que apura irregularidades no decreto dos portos, do presidente Michel Temer. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF o cumprimento de mandados de prisão temporária e busca e apreensão no inquérito. A ordem de prisão é do ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

O amigo e ex-assessor de Temer, José Yunes, foi detido no início da manhã em sua casa em São Paulo. O ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi também foi preso pela Polícia Federal às 6h da manhã desta quinta-feira em sua casa, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O coronel da PM reserva João Batista de Lima Filho, amigo de Temer, também foi detido. São três nomes importantes próximos ao presidente Michel Temer que foram levados à cadeia pela PF. Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi, também foi preso em São Paulo.

Na Avenida Delfim Moreira, um dos metros quadrados mais caros do Rio, os agentes da Polícia Federal prenderam uma mulher da família Torrealba, ligada ao grupo Libra, por volta das 6h. O conglomerado de logística foi citado na delação de Lúcio Funaro como uma das empresas beneficiadas pela nova lei do setor portuário.

No interior de São Paulo, o presidente da empresa Rodrimar, Antônio Celso Grecco, foi preso de manhã em sua casa em Monte Alegre do Sul. Ele foi encaminhado à sede da PF no estado. Agentes realizam operações de busca e apreensão na sede da empresa e na residência do executivo em Santos (SP). A prisão é temporária por cinco dias.

A assessoria da Polícia Federal em São Paulo disse que não tem mais informações para divulgar sobre a chamada Operação Scala, visto que a coordenação da ação é da PF em Brasília. A assessoria não soube precisar o número de mandados, mas afirmou que todos os detidos no Estado de São Paulo cumprirão prisão temporária na sede paulista da PF. A Polícia Federal informou que, por determinação do STF, "não se manifestará a respeito das diligências realizadas na presente data".

Temer é um dos alvos da investigação junto com o ex-assessor especial da Presidência, Rodrigo Rocha Loures, o presidente da Rodrimar, Antônio Celso Grecco, também preso nesta quinta-feira, e o diretor da Rodrimar Ricardo Mesquita, que tiveram os sigilos telefônicos quebrados.

 

Defesa

O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Yunes, divulgou nota para comentar a prisão do seu cliente. "É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu à todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania", escreveu.

O escritório Toscano Sociedade de Advogados, que atende a Rossi classificou a prisão como abusiva e disse que o ex-ministro está seguro de que provará sua inocência. Os advogados dizem que Rossi aposentou-se há sete anos e desde então nunca mais atuou profissionalmente na vida pública ou privada.

Inquérito sobre Decreto dos Portos

O inquérito foi instaurado em setembro de 2017 no Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação apura suspeitas de irregularidades na edição do decreto relacionado ao funcionamento de portos, o Decreto dos Portos. O presidente Michel Temer (MBD) é um dos alvos da investigação e está sob suspeita de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto. Em fevereiro, Barroso esticou o inquérito por 60 dias.

O Decreto dos Portos foi pivô de um diálogo no dia 4 de maio entre Temer e seu então assessor Rodrigo Rocha Loures, alvo do grampo da Polícia Federal. A interceptação ocorreu em meio ao processo de delação premiada de executivos do Grupo JBS, entre eles Joesley Batista. José Yunes é amigo de Temer há mais de 50 anos e foi assessor do emedebista na Presidência. Wagner Rossi é pai do deputado Baleia Rossi. O ex-ministro foi citado na delação de executivos da J&F e da JBS.

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