Rio - O empresário Edison Brittes Júnior, que confessou em entrevista à televisão ter matado o jogador Daniel Corrêa Freitas, de 24 anos, presta depoimento à Polícia Civil desde a manhã desta quarta-feira, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O suspeito era esperado para depor na manhã de terça-feira, mas seu advogado não compareceu à delegacia e o encontro foi adiado. Outros três suspeitos deverão ser ouvidos na delegacia na tarde de quinta-feira, segundo a Polícia Civil.
Ele está preso desde a última quinta-feira (1), quando se entregou à Polícia. Brittes confessou em entrevista à RPC Curitiba que matou o ex-jogador Daniel, alegando que se descontrolou porque o ex-Botafogo teria tentado estuprar a mulher dele, Cristiana Brittes, de 35 anos. A Polícia Civil desconfia da versão e apura se realmente houve tentativa de estupro.
O delegado também considera que os envolvidos tiveram tempo para desistirem de cometer o crime. "O crime iniciou-se naquela manhã, mas o Edison teve tempo para pensar, não foi violenta emoção. E outra, violenta emoção (seria) dele, do marido. E os outros que participaram? A violenta emoção não se transmite, é apenas do marido. Os demais participaram para que o resultado ocorrese", disse.
O crime ocorreu na casa da família. Daniel participava de um pós-festa no local, após ter ido à festa de 18 anos da filha do casal, Alana Brittes. Allana e Cristiana já prestaram depoimentos.
Em coletiva de imprensa na terça-feira, o delegado Amadeu Trevisan disse que todos que participaram do crime - Edison, Alana, Cristiana e outros três convidados da festa - serão indiciados por homicídio qualificado. A família Brittes também precisará responder por tentativa de coação de testemunhas. Segundo o delegado, eles tentaram 'fechar' uma versão com outra testemunha sobre o caso.
Quatro testemunhas foram ouvidas na tarde de terça-feira. "São pessoas que estavam na casa após a balada", disse Amadeu Trevisan. O delegado explica que os depoimentos são importantes para confrontar a versão da família de que Edison Brittes se descontrolou ao perceber que o jogador tentava estuprar sua mulher.
O delegado afirmou que tem certeza que a família mentiu nos depoimentos. "A famíia Brittes está mentindo com certeza. Mudaram versão, tentaram modificar a primeira história numa fraude processual. Vamos demonstrar melhor isso com as testemunha na parte da tarde (desta terça)", disse em coletiva de imprensa.
O delegado de São José dos Pinhais, Amadeu Trevisan, disse também existir "discrepância entre o que Edison e a família falaram sobre a morte do jogador". "Allana disse que ela colocou pijama na mãe, o Edison disse que foi ele. A filha disse que ao voltar da festa encontrou a mãe dançando sobre a mesa", comentou. Em seu depoimento, feito na última segunda-feira, Cristiana disse que dormia e acordou "com Daniel apenas de cueca".
Allana disse ainda que viu quando Edison Júnior colocou o carro de ré, próximo de Daniel, e abriu o porta-malas. Nesse momento, ela afirmou ter visto o jogador "todo machucado e ensanguentado" e que se ele se mexia, no que o delegado entendeu que o jogador ainda estava vivo neste momento.
Daniel chegou a enviar para um amigo uma foto ao lado de Cristiana na cama. O jogador disse ao amigo que teve relação sexual com ela.
Cristiana, Allana e Edison Brittes estão presos. O delegado espera concluir o inquérito até o fim do mês. "Estamos caminhando para a reconstrução do que realmente aconteceu". Ele disse que vai imputar homicídio qualificado a Edison, Alana e Cristiana Brittes, além dos outros três convidados que participaram da ação. "Eles deverão responder perante o tribunal do júri. Todos que participaram até agora só sairão da delegacia através da Justiça", reforçou.
O laudo de dosagem alcoólica apontou que o jogador estava com 13,4 dg/l de álcool no sangue. Portanto, estava embriagado, mas não havia usado drogas. Pela impossibilidade de defesa, o delegado disse que os suspeitos serão indiciados por homicídio qualificado. "A vítima estava totalmente indefesa pela quantidade de álcool no corpo. Além disso,quatro pessoas dominaram a vítima: o David, o Eduardo, o Igor e o Edison", justificou.