David Miranda (Psol) - Andressa Núbia/Facebook
David Miranda (Psol)Andressa Núbia/Facebook
Por *LUIZ FRANCO

Rio - O vereador do Rio de Janeiro e suplente do deputado federal Jean Wyllys, David Miranda, assumirá o mandato do parlamentar do PSOL na Câmara dos Deputados. Jean decidiu abrir mão de assumir após sofrer repetidas ameaças de morte. "Brasília vai ser palco de uma disputa política muito forte", prometeu David, "e o campo progressista vai conseguir fazer uma grande mudança". "Vamos desconstruir as figuras nefastas em Brasília, e demonstrar que há mais gente do lado dos LGBTs, da população negra, dos indígenas, dos quilombolas e dos trabalhadores". 

As ameaças de morte a Jean Wyllys tomaram uma proporção maior após o assassinato de Marielle Franco, os episódios de violência ocorridos nas últimas eleições e a recente revelação de que o primogênito do presidente, Flávio Bolsonaro, empregou em seu gabinete a filha e a esposa de um dos chefes do Escritório do Crime, uma organização miliciana apontada como uma das principais suspeitas pelo assassinato da vereadora do PSOL.

"Com certeza isso me atinge", admite David, um dos amigos mais próximos de Marielle, que carregou seu caixão durante o velório e esteve ao lado da irmã e da companheira da vereadora assassinada durante os momentos mais difíceis. "Mas já enfrentei até governos de outros países", conta o carioca criado na Favela do Jacarezinho, que, desde 2010, trabalhou próximo ao WikiLeaks e chegou a ser torturado pelo governo da Inglaterra, vencendo em seguida uma ação de processo contra o governo britânico.

O vereador diz que sempre admirou Jean Wyllys pela sua militância: "Ele foi um precursor das causas LGBT lá dentro". No entanto, ele recebeu apenas hoje a notícia de que teria de cumprir seu mandato em Brasília. Indagado sobre o ambiente hostil do novo Congresso, David é categórico: "Eu sou um cara muito otimista". "Vamos ter um ambiente maravilhoso", conta, sem esconder o otimismo por dividir o Congresso com outros parlamentares eleitos pelo partido, como Sâmia Bonfim, Talíria Petrone e Marcelo Freixo. 

"Apesar desse Congresso, em que Bolsonaro conseguiu eleger muita gente, eles não têm experiência parlamentar", afirma David. "É o velho toma-lá-dá-cá". "O governo Bolsonaro não está conseguindo se sustentar, com tantas denúncias já nas primeiras semanas", disse, fazendo menção às investigações sobre Flávio Bolsonaro. "O presidente não consegue nem ser um chefe de Estado em uma viagem internacional", conclui.

David, que é marido do jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, e milita pelo midialivrismo e pela transparência de dados desde seu envolvimento com o WikiLeaks, demonstra preocupação com o novo decreto assinado nesta quinta-feira por Mourão, alterando a Lei de Acesso à Informação. Com o novo decreto, servidores comissionados e dirigentes de fundações, autarquias e empresas públicas podem impor sigilo "ultrassecreto" em dados que antes poderiam ser solicitados pela Lei de Acesso à Informação. "Nós vamos reunir um pessoal que já ajudou a construir o Marco Civil, e vamos lutar para frear esses decretos", afirmou David, se referindo à lei que regula a internet no Brasil, estabelecendo os princípios, garantias, direitos e deveres de seu uso.

Outra preocupação fundamental do parlamentar, além dos direitos das minorias e da transparência na informação, diz respeito aos direitos dos trabalhadores. "Sou responsável pela lei mais importante do ano passado", afirmou. "No meio da maior crise econômica, aprovei a lei que colocou os servidores como prioridade máxima na folha de pagamento", lembrou ele. "É fundamental que os servidores e trabalhadores tenham os seus direitos respeitados. É o que faz e economia girar".  

Uma das primeiras lutas de David na Câmara, ele promete, será frear a reforma da Previdência. "Vou continuar o que vinha fazendo como vereador". "E vamos conseguir fazer uma grande mudança em Brasília", completa.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes

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