Tragédia de Brumadinho deixou mais de 60 mortos e 279 desaparecidos - Mauro Pimentel/ AFP
Tragédia de Brumadinho deixou mais de 60 mortos e 279 desaparecidosMauro Pimentel/ AFP
Por O Dia

Brumadinho - Dois ônibus foram achados soterrados no domingo sob a lama de dejetos após o desastre na mina de Brumadinho, em Minas Gerais. O primeiro era de funcionários terceirizados da Vale. O número de passageiros no veículo não foi informado. As equipes localizaram outro coletivo, mas era necessário maquinário pesado para o resgate. As buscas em Brumadinho entram no quarto dia hoje.

Aproximadamente 280 bombeiros trabalham nas buscas após o rompimento da barragem da Vale. Desde 4 horas desta segunda-feira, os profissionais atuam na área que deixou pelo menos 58 mortos.

Bombeiros buscam vítimas da tragédia de Brumadinho - Douglas Magno / AFP
No início da manhã de domingo houve risco de rompimento de uma segunda barragem da mineradora. 

Após tocar a sirene de alerta da Vale logo cedo, autoridades foram até a área residencial para levar os moradores às áreas mais altas, como a Igreja Matriz, o quartel da Polícia Militar e o Morro do Querosene. Segundo os Bombeiros, um novo acidente poderia afetar até 24 mil moradores, além de comprometer o fornecimento de água e luz. O acesso ao centro e a ponte sobre o Rio Paraopeba foram fechados. Nas ruas, o clima era de pânico e parte das famílias se recusou a deixar as casas.

Vaca atolada em Casa Grande, em Brumadinho - AFP

Em nota, a Vale disse ter acionado o alarme ao "detectar aumento dos níveis" da barragem, com capacidade de armazenar um milhão de m³ de água, ao lado do depósito de rejeitos que se rompeu. A empresa fez bombeamento dessa água para fora da barragem, mas o volume extraído não foi informado.

A ameaça de um novo desastre ainda interrompeu o resgate até as 15 horas, quando o risco foi afastado. "Com o passar do tempo as chances de encontrar (pessoas vivas) diminui", disse o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil. 

Na comunidade de Casa Grande, pessoas observam os dejetos da barragem que se rompeu - Mauro Pimentel/AFP

Houve protesto contra a Vale na praça do bairro Casa Branca, perto das barragens. Apesar da importância econômica da mineradora, segundo os manifestantes, é preciso interrompê-la. "A gente já vinha alertando. Ninguém quis nos escutar", disse Larissa Guedes. Também houve um ato em frente ao posto do comando dos Bombeiros.

Picture showing an area affected by a mudslide after the collapse, two days ago, of a dam at an iron-ore mine belonging to Brazil's giant mining company Vale near the town of Brumadinho, state of Minas Gerias, southeastern Brazil, on January 27, 2019. - Communities were devastated by a dam collapse that killed at least 37 people at a Brazilian mining complex -- with hopes fading for 250 still missing. A barrier at the site burst on Friday, spewing millions of tons of treacherous sludge and engulfing buildings, vehicles and roads. (Photo by Mauro PIMENTEL / AFP) - Mauro Pimentel/AFP

No domingo, dia 27, a Defesa Civil de Minas Gerais informou que os donativos arrecadados em quase 72 horas após o rompimento da barragem em Brumadinho já são suficientes e que não é mais necessário o envio de mais materiais.

A barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, localizada em Brumadinho, se rompeu na tarde de sexta-feira, 25, deixando mortos, feridos e centenas de desaparecidos.

A onda de rejeitos de minério de ferro atingiu a área administrativa da empresa e a comunidade da Vila Ferteco. O rompimento ocorreu na Barragem 1, que foi construída em 1976 e tinha volume de 12,7 milhões de m³. Segundo a Vale, a barragem tinha encerrado as atividades há cerca de três anos, pois o beneficiamento do minério na unidade é feito à seco.

Animais

A tentativa de salvar uma vaca atolada desde sexta mobilizou dezenas de pessoas, mas não teve final feliz. Após policiais, bombeiros e funcionários da Vale tentarem instalar tapumes no local, um grupo de 20 pessoas se embrenhou na lama. Uma corda chegou a ser usada para içar a vaca. Mas uma hora depois, ela foi sacrificada com uma injeção. O Ministério Público de Minas cobrou no domingo da Vale, de forma imediata, o resgate dos animais isolados.

Inhotim

No domingo, o Instituto Inhotim informou que vai ficar fechado até dia 31, em solidariedade às vítimas. O local não foi atingido pela lama.

Primeira vítima

A médica Marcelle Cangussu, de 35 anos, foi sepultada na tarde deste domingo em Belo Horizonte sob grande comoção. Foi a primeira vítima a ser reconhecida. "Morreu fazendo o que mais gostava", disse a mãe, Mirelle, muito abalada. "Estamos desolados. Completamente sem chão." Ela havia feito aniversário no dia anterior e trabalhava na Vale desde 2015.

Segundo parentes, Marcelle nunca se mostrou insegura por trabalhar na mina. "O único medo que sentíamos era da estrada, pois ela dirigia meia hora para ir ao trabalho", disse a mãe.

Em Brumadinho, pelo menos 98 sepulturas já haviam sido abertas e preparadas no domingo para enterros no cemitério Parque das Rosas. Conforme os Bombeiros, 19 corpos haviam sido identificados até a noite de domingo.

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