Rio - O presidente da República, Jair Bolsonaro, está em visita aos Estados Unidos nesta segunda-feira e jantou com Steve Bannon, estrategista-chefe da campanha de Donald Trump em 2016 e atual articulador de um movimento global de líderes populistas de extrema-direita.
Após o jantar, Bannon afirmou à BBC News Brasil que o vice-presidente Hamilton Mourão "se tornou perigoso" por ser "uma voz dissonante". "Há um nível relevante de frustração pelo fato de ele (Mourão) estar desalinhado com o programa do presidente Bolsonaro", concluiu.
Olavo de Carvalho, considerado "guru" do governo Bolsonaro e responsável pela indicação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também esteve presente no jantar, assim como o próprio Araújo. Olavo recentemente chamou Mourão de "idiota" e disse que ele era "pró-Maduro".
Mourão jamais elogiou o governo Maduro, mas propôs um diálogo com a Venezuela e já divergiu de Bolsonaro em alguns casos, como quando defendeu a democracia no episódio em que o ex-deputado do PSOL, Jean Wyllys, decidiu abandonar o mandato e sair do país por conta de ameaças. "Quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a democracia. Uma das coisas mais importantes é você ter sua opinião e ter liberdade para expressar sua opinião", escreveu ele, na ocasião. Bolsonaro, ao contrário, comemorou a saída de Jean Wyllys.
O Movimento
Steve Bannon foi o responsável pela campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2016. Antes disso, presidiu o Breibart News, um site de notícias definido por ele próprio como uma "plataforma da alt-right". Atualmente, é o articulador do "The Movement", uma organização de extrema-direita com sede em Bruxelas, cujo principal objetivo é ajudar a eleger governos populistas de direita pelo mundo.
A organização já conseguiu o apoio de políticos notórios da extrema-direita em ascensão na Europa, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o ministro do interior italiano, Matteo Salvini. Seu mais recente representante, desta vez na América Latina, é Eduardo Bolsonaro, também presente no jantar desta terça-feira.
O nome de Bannon se tornou conhecido no Brasil em agosto do ano passado, após um encontro com Eduardo durante a pré-campanha presidencial de Jair Bolsonaro à presidência da República. Em janeiro deste ano, o parlamentar se tornou representante do "The Movement" no Brasil.