João de Deus do parque? Veja o terror que José David fez com uma operadora de caixa
Prestadora de serviço é tratada como um 'lixo' e vai mover ação contra o 'prezidan'
Por O Dia
São Paulo - Cada vez que alguém toca no assunto, Geovanna Rodrigues Siqueira, 22 anos, assistente administrativo, entra em desespero. Parece que um filme de terror volta como um pesadelo em sua memória. As cenas de humilhação martelam tanto a sua cabeça que a moça está decidida a buscar na Justiça a reparação de uma crueldade que não deseja ao seu maior inimigo. O seu relato emocionado foi registrado no site Reclame Aqui no ano passado.
Geovanna lembra-se como se fosse hoje o pior momento da sua vida. Tudo se passou na madrugada do dia 19 para 20 de maio de 2018 no Kaballah, festival de música eletrônica, realizado num parque temático localizado em Vinhedo, interior de São Paulo. Ela e uma amiga, Samai do Carmo Carneiro, de 21 anos, trabalhavam como operadoras de caixa no evento que ocorreu dia 19/05. Ambas moram em São Paulo.
Vídeo mostra José David Xavier dispensando funcionário de forma agressiva
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Já perto do fim do festival, por volta das 6 da manhã, ambas já estavam fechando o caixa quando foram abordadas grosseiramente por José David Breviglieri Xavier, presidente afastado do parque em maio deste ano. Ele se aproximou da minha amiga e perguntou:
- Vocês já fecharam o caixa ? - Não, estamos abertos ainda, respondeu Samai. -Tudo bem, quero comprar créditos para meu cartão, retrucou Xavier. - Está bem, mas só não estamos passando cartão.
A resposta de Samai soou como um crime hediondo. Visivelmente alterado, Xavier começou a gritar enlouquecidamente para abrir o portão que dava acesso ao caixa. De início, Geovanna pensou em não abrir, mas o então “prezidan”, como era tratado pelos funcionários que estavam ao seu redor, começou a berrar, afirmando que era o presidente. Para se tornar ainda mais intimidador, Xavier tinha em sua companhia vários seguranças vestidos de preto, e exigiu que o portão fosse aberto.
A atitude nos remete ao famosos médium João de Deus, que no final de 2018 foi denunciado por abuso sexual de mais de trezentas mulheres que buscaram sua ajuda em Goiás.
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Antes mesmo de Geovanna terminar de explicar que o portão estava aberto, Xavier ordenou os seguranças para pular o reservado. Mais: mandou a operadora de caixa não se mexer e colocar a mão para cima, como se fosse uma autoridade policial. “Aos berros, mandou assessores filmarem esta vergonha que essas meninas estão fazendo. Gritava: ‘filma, fima’”, lembra Geovanna. O executivo estava se referindo ao fato de as prestadoras de serviço estarem trabalhando com dinheiro, quando a ordem era aceitar apenas cartão magnético. No entanto, como a maquininha de cartão estava com defeito, receberam ordem dos seus superiores a receber cédulas também.
Veja abaixo mostra Xavier destratando um colaborador
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“Eu me senti totalmente coagida e sem saber o que fazer. Acredito que ele estava pensando que fazíamos vendas frias”, conta Geovanna. Revoltada com o tratamento indigno, ela advertiu o ex-presidente que não tinha o direito de filmá-las. De nada adiantou. Xavier continuou gritando e determinou a um de seus seguranças para recolher todo o dinheiro do caixa das operadoras. Avisou que iria contar o dinheiro na frente delas e que iria levar adiante para ver quanto estava faltando.
Destroçadas, as operadoras entregaram o dinheiro ao segurança e foram obrigadas a contar o dinheiro em frente à uma câmera de vídeo. “Eu falei que eles não tinham direito de fazer isso com ninguém. Foi quando um segurança me empurrou. Disse que não poderiam relar a mão em mim”, reagi, envergonhada.
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Ao final da contagem do dinheiro, as duas prestadoras de serviço foram levadas para uma sala. Xavier mandou todos se retirarem. “Ficou somente eu, Samai, que já estava desesperada chorando muito e ainda sem saber o que estava acontecendo. Fizeram a contagem e os R$ 9 mil que demos entrada no caixa estavam lá. Deus é justo e exaltou as humildes naquele momento. Nosso caixa estava batendo”, conta, aliviada.
Geovanna lembra que naquele momento ninguém em volta de Xavier sabia aonde enfiava a cara. Ainda assim, elas foram arrastadas pelos seguranças pelo parque até a saída. “Todos olharam pra nós como se tivéssemos roubado algo. Nesse momento, eu chorei muito e me senti um lixo. O tal do presidente não teve a decência de pedir desculpas. Era o mínimo”, afirma.
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Geovanna lamenta não ter feito um boletim de ocorrências na delegacia na época, mas vai recorrer à Justiça dos homens para que Xavier seja punido. Quando soube que ele foi afastado da presidência do parque, soltou um ar de alívio. “Vou apelar para a Justiça, entrar com uma ação de danos morais, pois tenho provas em vídeos, fotos, testemunhas, etc. Já frequentei o parque como visitante e não gostaria que outras pessoas trabalhadoras pudessem passar pelo mesmo”.