Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, destacou que a vacinação deve ser "igualitária e simultânea" em todos os estados do Brasil
 - AFP
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, destacou que a vacinação deve ser "igualitária e simultânea" em todos os estados do Brasil AFP
Por Yuri Eiras*
Rio - Depois de meses de agonia, o dia D e a hora H têm data marcada, se não houver imprevistos. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que a vacinação será iniciada no país oficialmente às 10h da próxima quarta-feira, dia 20 de janeiro. No município do Rio, a data é feriado pelo dia de São Sebastião. A distribuição nacional aos estados, segundo o ministro, começa às 7h desta segunda, dia 18. O anúncio veio em entrevista coletiva no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), região central do Rio, momentos após o governo de São Paulo imunizar a primeira pessoa, uma enfermeira de 54 anos.
Em pronunciamento inicial, Pazuello afirmou que a distribuição dos imunizantes em posse da pasta terá reforço para a segurança: "Amanhã, às 7h, iniciaremos a distribuição da vacina para todos os estados, com apoio do Ministério da Defesa com deslocamento aéreo". O ministro também falou sobre a logística dessa distribuição e deu a data oficial para o início da vacinação em todos os estados brasileiros: dia 20, às 10h.
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"Quarta feira, às 10h, em todo o Brasil. Eu gostaria de dizer que o tempo de um dia é a logística do Estado. Se a gente entrega até amanhã no início da tarde, os estados precisam fazer logística mínima. A gente dá um delay de 24h, 30h", explicou Pazuello.
O ministro da Saúde também explicou que a distribuição dos imunizantes do Butantan está prevista para seis milhões de doses e que terá ajuda da Força Aérea Brasileira (FAB). Outras duas milhões de doses vindas da Índia devem chegar esta semana, segundo o Ministério da Saúde. O pacote era previsto para chegar no sábado, mas o início da vacinação na Índia atrasou a chegada das doses ao Brasil.
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"Os cálculos para dois milhões, seis milhões, ou oito milhões já estão prontos. Esse trabalho para seis milhões de doses já está entregue, para que ele fracione em São Paulo a quantidade. Amanhã, às sete da manhã, farei uma entrega simbólica aos estados. A partir dali, a FAB entrega nos pontos focais dos estados", completou.
Pazuello explicou que, neste primeiro momento, a população não precisará ir em massa até os hospitais, clínicas e postos de saúde. A prioridade está focalizada em grupos específicos, como os idosos que vivem em casas de longa permanência (asilos), e os profissionais de saúde da linha de frente no combate ao vírus. A população será chamada de acordo com a oferta de imunziante. 
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"Os grupos prioritários são mais controlados, a vacina vai até eles, idosos em casas de repouso, profissionais de saúde que estão na linha de frente. A forma de comunicação é outra. Com os indígenas aldeados, a vacina vai até a aldeia. Esses grupos iniciais são mais simples", explicou.
A prioridade da primeira fase, vale lembrar, é paraidosos acima de 75 anos de idade; trabalhadores da saúde; indígenas, idosos em instituições de longa permanência, como asilos.
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Imunização no Rio pode começar no feriado de São Sebastião
No Rio, a Secretaria Municipal de Saúde diz que "aguarda a orientação do Programa Nacional de Imunizações" para confirmar datas. "A cidade terá postos de vacinação em todas as 236 unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) e em pontos estratégicos, como clubes e outros locais, e em locais no sistema drive thru". Ao todo, a cidade prevê 450 pontos de vacinação. 
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O governador em exercício do estado, Cláudio Castro, viaja esta madrugada para São Paulo. Ele estará na entrega simbólica das vacinas aos governadores, no aeoroporto de Guarulhos, na manhã de segunda-feira. O estado do Rio confirmou o início da vacinação para o dia 20. 
Quantidade de vacina entregue pode variar conforme gravidade do estado, diz ministro
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Durante a coletiva, Pazuello explicou que existe a possibilidade de a distribuição não ser igual para todos os estados. O Ministério da Saúde incluiu uma 'taxa de risco' na distribuição, que permite priorizar locais onde a letalidade a Covid-19 esteja maior, como o caso do Amazonas, que vive um colapso por conta do aumento de casos e da falta de oxigênio.
"Determinei ao secretário que incluísse uma taxa de risco dentro da proposta de distribuição, justamente para termos flexibilidade em cima daquele local que está com maior risco. Importante sabermos que as vacinas são diferentes, têm eficácias diferentes. Então, às vezes, o que é mais interessante para um lugar é uma vacina, e para outro, outra. Eu determinei que houvesse uma taxa de risco na distribuição para que o estado que tivesse mais risco pudesse ter mais entregas". 
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Vacinação em coletiva convocada por Doria foi uma "jogada de marketing", diz Pazuello
Assim que obteve a confirmação da aprovação da CoronaVac para uso emergencial, o governador de São Paulo, João Doria, convocou uma coletiva de imprensa para vacinar a primeira pessoa do Brasil contra a covid-19: uma enfermeira negra, que foi voluntária durante a fase de testes do imunizante. Na sequência, no pronunciamento organizado pelo Ministério da Saúde, Pazuello fez questão de criticar o que chamou de “jogada de marketing” do governador de São Paulo, sem citar seu nome.
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"Poderíamos, num ato simbólico ou numa jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa, mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso", afirmou Pazuello. Ele ressaltou que a aplicação da primeira dose da vacina em São Paulo é "uma questão jurídica" e está "em desacordo com a lei".
Segundo o ministro, a coordenação do Plano Nacional de Imunização é responsabilidade do Ministério da Saúde e “quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os estados e entre todos os brasileiros”. Pazuello fez ainda um apelo aos comandantes dos outros estados do Brasil:
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“Senhores governadores, não permitam movimentos político-eleitoreiros se aproveitando da vacinação em seus estados. Nosso único objetivo nesse momento tem de ser o de salvar mais vidas. Não fazer propaganda própria”, declarou.
Por fim, o ministro reforçou que o início da vacinação não significa o fim dos cuidados individuais. "Volto a dizer: não podemos em hipótese alguma relaxar as medidas preventivas. Uso de máscara, álcool em gel na mão, distanciamento social. As empresas e estabelecimentos que têm autorização para trabalhar e devem trabalhar. A economia não deve parar, elas devem ter as medidas de cuidados muito claras".
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*Colaborou Lucas Mathias