Luciano Hang, dono da Havan, doou 200 cilindros de oxigênio a Manaus? Checamos!
Notícia veiculada em redes sociais faz referência à grave crise de saúde que afeta a capital do Amazonas
Rio - Publicações compartilhadas mais de 55 mil vezes em redes sociais desde meados de janeiro asseguram que o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, doou 200 cilindros de oxigênio para amenizar a crise de saúde que afeta a cidade de Manaus desde o início deste ano. Isso é falso. Não há registro da suposta doação no site da empresa ou nas redes sociais do apoiador do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi negada pela própria assessoria da Havan e o governo do Amazonas afirmou não ter sido informado sobre “qualquer doação” do empresário.
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“Luciano Hang da HAVAN, manda 200 cilindros de oxigênio para Manaus em seus aviões. Atitude de homem de verdade, Bravo!”, diz o texto replicado dezenas de milhares de vezes no Facebook, Instagram e Twitter desde o último dia 20 de janeiro.
O conteúdo faz referência à grave crise de saúde que afeta a capital do Amazonas, Manaus, desencadeada por uma forte segunda onda da pandemia de covid-19 e agravada pela escassez de oxigênio na rede hospitalar da cidade.
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Algumas versões das publicações utilizam a suposta doação de Hang para criticar o apresentador da Rede Globo Luciano Huck, que afirmou estar de “mãos atadas” apesar de querer ajudar Manaus devido a uma série de dificuldades logísticas para enviar oxigênio ao norte do Brasil.
Algumas figuras públicas, assim como o governo da Venezuela, realmente financiaram o envio de cilindros de oxigênio a Manaus. Luciano Hang não foi, contudo, uma dessas pessoas.
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Em suas redes, Hang mencionou a situação de Manaus três vezes: duas atribuindo a emergência de saúde a governos anteriores e uma terceira falando sobre a ajuda que tem sido enviada à cidade pelo governo federal.
Uma busca em suas contas no Instagram, YouTube e LinkedIn não localiza qualquer publicação sobre uma suposta doação de oxigênio para atenuar a crise de saúde da capital amazonense. A equipe de checagem da AFP também não encontrou qualquer menção a uma doação do tipo nas contas da Havan no Facebook e Instagram, ou na seção de ações sociais no site da empresa.
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Procurada pelo AFP Checamos em 25 de janeiro, a assessoria de imprensa da Havan confirmou que Luciano Hang não doou cilindros de oxigênio a Manaus em meio à crise de saúde de janeiro deste ano.
À AFP, o governo do Amazonas também disse não ter sido informado, até 25 de janeiro, “sobre qualquer doação do empresário”.
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Um dos 10 homens mais ricos do Brasil, Hang tem sido um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro desde o período de campanha em 2018, tendo inclusive comparecido à posse do mandatário.
Desde julho de 2020, seus perfis no Facebook e Twitter estão suspensos por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das fake news.
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A equipe de checagem da AFP já verificou outras publicações sobre a escassez de oxigênio no Amazonas, que se tornou na última semana o estado brasileiro com a maior proporção de óbitos por covid-19 (172/100.000 habitantes).