SAO BERNARDO DO CAMPO (SP) 10.03.2021 - COLETIVA EX PRESIDENTE LULA - Coletiva de imprensa ex- Presidente Lula no sindicato dos Metalurgicos do ABC, ocorrido na quarta feira (10).(Alice Vergueiro)Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo

Por O Dia
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve, nesta quarta-feira (10), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), para pronunciamento após a anulação de suas condenações na Operação Lava Jato, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. Com fortes declarações, Lula afirmou que foi “vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história” e criticou a atuação de Bolsonaro na pandemia da Covid-19, além de sua política econômica e se viés armamentista. 
O ex-presidente lembrou de sua ida à prisão, durante a Lava Jato, quando se entregou à Polícia Federal contra a sua vontade. “Não seria correto um homem da minha idade aparecer na capa dos jornais e na televisão como fugido. Tomei a decisão de provar a minha inocência dentro da sede da Polícia Federal”, afirmou.
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A decisão do ministro do STF Edson Fachin, na segunda-feira (8), também foi comentada. Ele contou ter certeza de que os processos seriam anulados: “A verdade vencerá. Eu tinha tanta confiança e tanta consciência do que estava acontecendo no Brasil que eu tinha certeza de que esse dia chegaria, e ele chegou. A Lava Jato desapareceu da minha vida”, disse.
O ex-presidente contou que havia preocupação com seu humor, quando a coletiva foi marcada para seu pronunciamento. Lula explicou, no entanto, que “não sente mágoas”, em referência às suas condenações na Lava Jato.
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“Eu fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história. Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas, sou eu. Mas não tenho”, afirmou, antes de lembrar dos efeitos da pandemia da Covid-19.
“Não tem dor maior a um homem ou mulher no Brasil e no Mundo que acordar de manhã e não ter a certeza de um pão e uma manteiga, ou um prato no almoço para dar ao seu filho, ou, no final do mês, um salário para sustentar sua família”. Ele ressaltou que a dor que sente não tem comparação com as dores dos brasileiros na pandemia, “que sequer puderam se despedir de seus parentes na hora que sempre consideramos sagrada: a última olhada para quem a gente ama”, completou.
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As vacinas contra o coronavírus, inclusive, também foram assunto de diversas críticas de Lula ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele criticou a atuação de Bolsonaro durante a pandemia sua política com as vacinas.
“Na semana que vem, vou tomar minha vacina. E quero fazer propaganda para o povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Esse vírus, nesta noite, matou quase 2 mil pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas. Mas eram mortes que, muitas delas, poderiam ser evitadas se a gente tivesse um governo que tivesse feito o elementar”, declarou.
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Ao lembrar das ofertas feitas pela Pfizer e rejeitadas pelo Governo Federal, Lula reforçou que “arte de governar não é fácil, é a arte de tomar a decisão”. “Era preciso economizar dinheiro para comprar vacinas”, ressaltou. Segundo o ex-presidente, Bolsonaro deveria ter criado um comitê de crise que orientasse a população semanalmente e que visitasse os estados: “Ele não sabe o que é ser presidente da República”, disse.
Crítica à política armamentista de Bolsonaro
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As recentes medidas de Bolsonaro com decreto que facilita posse de armas também estiveram na mira de Lula. De acordo com ele, são as Forças Armadas e a Polícia que precisam de armas novas, não a população:
“Um presidente da República não é eleito para falar bobagens ou fake news. Nem para falar de armas. Quem está precisando de armas é a nossa polícia, que sai para a rua para combater a violência com um revólver (calibre) 38 velho, todo enferrujado. Não são os fazendeiros que precisam de armas para matar sem-terra ou pequenos proprietários. Não são milicianos que precisam de armas para fazer terrorismo na periferia desse país, para matar meninos e meninas, sobretudo meninos e meninas negras”, afirmou.
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Cenário econômico no Brasil
As críticas à política econômica do governo Bolsonaro também não escaparam. Ao comentar sobre o auxílio emergencial, o ex-presidente afirmou que "enquanto o governo não cuida de emprego, de salário e de renda, é preciso ter um salário emergencial para que as pessoas não morram de fome”. Lula também reforçou a dificuldade econômica dos brasileiros durante a pandemia e disse que era feliz quando via um trabalhador dizendo que iria "comprar uma picanha para comer tomando uma cerveja". 
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“Esse país não tem governo, esse país não tem ministro da saúde, esse país não tem ministro da economia, esse país tem um fanfarrão, um fanfarrão, um presidente que por não saber de nada diz ‘é tudo por conta do Guedes’. Enquanto isso, o país está empobrecido, o PIB caiu, a massa salarial caiu, o comércio está enfraquecido, o comércio varejista caiu, a produção de comida das pessoas está ficando insustentável. E o presidente não se preocupa com isso”, destacou Lula.