RemdesivirAFP

Por Marina Cardoso
Brasília - Nesta sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou o primeiro registro de medicamento para pacientes com a Covid-19. O antiviral Remdesivir terá na bula a recomendação para o tratamento contra o vírus. Especialistas da agência afirmaram que o uso deve ser restrito em unidades hospitalares, para que os pacientes possam ser adequadamente monitorados.
O medicamento só poderá ser utilizado em pessoas infectadas que se encontram hospitalizadas e com pneumonia, mas não poderá ser administrado em pacientes que esteja em ventilação mecânica. Além disso, somente adultos e maiores de 12 anos com pelo menos 40 kg poderão usar o medicamento. 
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"A aprovação está ligada ao paciente de pneumonia com necessidade suplementar de oxigênio, desde que o paciente não esteja em ventilação mecânica. Assim, foi possível concluir que o tratamento pode prevenir uma progressão da doença. A liberação acompanha a decisão de vários países", Renata Lima Soares, gerente de Avaliação, Segurança e Eficácia da Anvisa.
O Remdesivir é produzido pela biofarmacêutica Gilead Sciences e é um medicamento sintético para ser aplicado de forma intravenosa (injetado na veia), agindo de forma a impedir a replicação viral.
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Um estudo feito pela Anvisa para permitir liberação constatou que os pacientes que tomaram o medicamento se recuperaram mais rapidamente que os demais. Isso porque os infectados que receberam o Remdesivir tiveram melhora clínica em 10 dias, enquanto que os que não receberam a terapia tiveram melhora em 15 dias.
Nas análises, a Anvisa apontou que os pacientes que utilizaram o antiviral não morreram. Entre os efeitos adversos, foi observado, em alguns casos, toxidade no rim. O tratamento com o remdesivir deve ser utilizado no mínimo 5 dias e no máximo 10 dias. O medicamento deve ser armazenado em temperatura ambiente e com prazo de validade de 36 meses.
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"É o primeiro medicamento que vamos aprovar aqui na agência, com indicação em bula. O registro do medicamento é fruto de uma análise de eficácia, segurança e qualidade apresentadas na Anvisa. Qualquer medicamento aprovado pela agência precisa ter uma avaliação muito robusta", disse o gerente Geral Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes.
Desde novembro, o medicamento já vem sendo utilizado de forma emergencial nos Estados Unidos. Porém, logo após a aprovação norte-americana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o medicamento não é recomendado para pacientes hospitalizados. Isso porque o antiviral não evita mortes e nem o agravamento da doença.
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Embora a Anvisa tenha concedido o registro nesta sexta-feira, o especialista da gerência geral de Medicamentos, Raphael Sanches, afirmou que ainda há alguns estudos do medicamento em aberto. "Restam algumas pendências que estão sendo pesquisadas sobre o produto, como a estrutura do insumo farmacêutico ativo, mas que a segurança e eficácia já foram comprovadas", disse ele.
"Eu não poderia deixar de me solidarizar por todos que estão lutando contra a doença neste momento.  A chegada do medicamento no país é um momento de esperança, mas reforço a necessidade de usar dentro do que foi estudado e o que foi registrado", afirmou Helaine Capucho, gerente de Farmacovigilância. 
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“Este é um importante acontecimento, pois acreditamos que muitas vidas poderão ser salvas frente aos benefícios que o rendesivir pode gerar num momento de pico da pandemia, desafogando o sistema de saúde e dando oportunidade para mais pacientes serem tratados adequadamente”, declara Dra. Rita Manzano Sarti, diretora médica sênior da Gilead Brasil.
“Há exatos 12 meses e um dia a OMS declarou a pandemia pela Covid-19. A aprovação da Anvisa acontece em um dos momentos mais críticos da epidemia no Brasil e estamos empenhando nossos melhores esforços para disponibilizar o produto o mais rápido possível”, declara Christian Schneider, diretor geral da Gilead Brasil.

O Remdesivir está aprovado ou autorizado para uso temporário para tratar pacientes em mais de 50 países, EUA, Austrália, Canadá, UE, Hong Kong, Índia, Israel, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan e Emirados Árabes Unidos.
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