Tamiflu: eficaz contra o influenza, mas sem efeito contra a covid-19 - Divulgação
Tamiflu: eficaz contra o influenza, mas sem efeito contra a covid-19Divulgação
Por Danillo Pedrosa
A Anvisa acompanha a evolução dos testes com o antiviral Remdesivir, aprovado para tratamento da covid-19 nos Estados Unidos, e estuda trazê-lo ao Brasil caso a eficácia seja comprovada. Enquanto isso, brasileiros praticam automedicação baseados em vídeos que viralizam nas redes sociais, prática que pode oferecer riscos à saúde.
Nos Estados Unidos, a Administração de Comidas e Drogas (FDA, na sigla em inglês) autorizou o uso do Remdesivir para tratamento da doença em pacientes hospitalizados em estado grave. Já no Brasil, a Anvisa alega ter entrado em contato com a fabricante Gilead para verificar a possibilidade de importação.
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Como não há medicamentos com eficácia comprovada contra o coronavírus no país, milhares de brasileiros têm arriscado drogas alternativas para tratar a covid-19. Depois da cloroquina, que chegou a ser recomendada pelo presidente Jair Bolsonaro, a nova "cura" compartilhada nas redes sociais é a Ivermectina, que já está em falta nas farmácias.
Em contato com farmácias da Barra da Tijuca, Copacabana e Campo Grande, bairros com mais casos confirmados da covid-19 no Rio, não foi possível encontrar o medicamento, que é indicado para o tratamento de infecções causadas por vermes e parasitas, como o piolho.
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"É a febre do momento. Toda hora liga alguém procurando", alega o funcionário de uma drogaria em Campo Grande. "As pessoas já chegam perguntando. Acham que servem como prevenção (à covid-19)", conta uma balconista de Copacabana.
Outro remédio que está em alta é o Tamiflu, eficaz no tratamento do vírus influenza (o da gripe), mas que não tem o mesmo efeito no combate ao coronavírus. Grace Marinho, de Vargem Pequena, procurou o medicamento para uma amiga, que tinha o marido internado com a covid-19, e só conseguiu encontrá-lo em Dourados, no Mato Grosso do Sul.
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"Uma amiga enviou por Sedex. O medicamento foi postado numa segunda e chegou na sexta. Não encontramos um meio mais rápido de chegar ao Rio", explica Grace. O paciente, que ficou internado por 20 dias em São Cristóvão, segue tratamento em casa desde terça-feira.
Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileiro de Infectologia (SBI), alerta para o perigo do uso dos remédios sem eficácia comprovada."Pode haver uma piora dos sintomas e os efeitos colaterais podem agravar o quadro. A cloroquina, por exemplo, pode agravar problemas do coração".
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Propaganda nas redes sociais
Na internet, dezenas de vídeos relatam a suposta eficácia da Ivermectina no tratamento da covid-19. Até um famoso médico com milhares de seguidores no Youtube recomenda o uso desse medicamento, além da cloroquina. 
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Infectado com a covid-19, Ricardo Lopes, de Campo Grade, fez uso da Ivermectina por recomendação de um amigo e credita ao remédio a sua melhorar nos últimos dias. "Estava doente havia dois dias. Tomei a Ivermectina e logo vi melhora".
A melhora, porém, não está necessariamente associada ao uso do medicamento, segundo Alberto Chebabo.  "Não existe prova de que ele tenha qualquer eficácia. As pessoas melhoram com o tempo, com ou sem remédio", afirma.
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