Com capacidade total de 400 megawatts (MW) de geração, a usina abasteceria uma cidade de 1,4 milhão de habitantes, como Porto Alegre (RS). Não é muita energia, se esta for comparada à geração de projetos erguidos nos últimos anos na Amazônia, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. O potencial de estrago da usina Tabajara, porém, faz frente a qualquer grande hidrelétrica
Em sua nota técnica, o Ibama chama a atenção para que os responsáveis pelo projeto analisem outros tipos de empreendimentos que podem entregar o mesmo volume de energia, como eólicas e solares.
Apesar do potencial máximo de 400 MW, a geração média que a usina teria anualmente seria de 235 MW, devido às oscilações naturais do rio. "Tais plantas alternativas poderiam ser instaladas em outras regiões do país, afetando áreas territoriais bem menores, com pior qualidade ambiental, localizadas próximas a centros consumidores de energia", afirmaram os técnicos. "Neste contexto, é fundamental que o proponente ofereça justificativas criteriosas que possam demonstrar a relevância deste projeto frente aos impactos ambientais esperados."
A usina Tabajara é estudada desde a década de 1980 e já foi alvo de várias tentativas de licenciamento, mas nunca conseguir avançar, por causa de sua alta complexidade ambiental. A região de Machadinho d’Oeste, em Rondônia, é uma das áreas da Amazônia que mais sofrem com o desmatamento irregular e ocupações ilegais de terra.
Resposta
Por nota, o grupo responsável pelo desenvolvimento dos estudos - Furnas, Eletronorte, Projetos e Consultoria e Engenharia PCE e JGP Consultoria e Participações - disse que a usina "terá um reservatório pequeno que não modificará as vazões naturais do rio" e afirmaram que "os estudos dessa etapa estão em desenvolvimento desde 2014 e foram elaborados seguindo estritamente o estabelecido no Termo de Referência emitido pelo Ibama".
Segundo as empresas, os estudos apresentados "buscaram sanar os questionamentos da equipe do Ibama e fornecer os elementos necessários à análise" da viabilidade do projeto. "Mesmo com as complementações apresentadas, o Ibama emitiu parecer técnico onde manifesta a necessidade de novas complementações e outros estudos, documento esse que está em fase de análise e será objeto de alinhamento com o Ibama", declarou.
Questionado sobre o assunto, o Ministério de Minas e Energia (MME) não comentou a conclusão do Ibama. A respeito de outras alternativas de geração, a pasta afirmou que as fontes eólica e solar têm aumentado a participação na matriz elétrica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.