A MRV Engenharia já esteve envolvida em outros casos do tipo, com resgate de trabalhadores em situações análogas à escravidão
A MRV Engenharia já esteve envolvida em outros casos do tipo, com resgate de trabalhadores em situações análogas à escravidãoReprodução
Por iG
Uma operação de fiscalização resgatou 16 trabalhadores em condições análogas à escravidão de dois empreendimentos da MRV Engenharia em São Leopoldo e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A MRV é uma empresa de Rubens Menin, fundador da CNN Brasil e do Banco Inter.

De acordo com a fiscalização, os trabalhadores eram aliciados em cidades do interior do Maranhão. Elas tinham que pagar até R$ 500 pela vaga, o que é proibido por lei, e recebiam promessas de salários e boas condições de trabalho. Só perceberam que foram enganadas ao chegar ao local.

Em caso de quererem deixar o trabalho, a empresa não fornecia recursos para voltarem para suas cidades de origem e, como não tinham dinheiro, continuavam trabalhando.

O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul informou que que as vítimas "vinham sofrendo descontos em cobrança por uma 'cesta básica', o que diminuía ainda mais as chances de os trabalhadores conseguirem reunir as condições para abandonar o lugar e voltar ao estado".
A MRV foi notificada e vai ter que pagar os direitos trabalhistas dos 16 funcionários, a começar pelo deslocamento para suas cidades no Maranhão. A empresa também terá que pagar a diferença entre o que foi oferecido no momento do aliciamento e o que vinha sendo pago aos trabalhadores.

Direito de vítimas da escravidão contemporânea desde 2003, as vítimas vão receber três meses de seguro desemprego.

Segundo o colunista do UOL Leonardo Sakamoto, a ação foi iniciada no dia 13 de maio, 133º aniversário da Lei Áurea, e realizada por auditores fiscais do trabalho do Ministério da Economia, pelo Ministério Público do Trabalho, pela Polícia Federal e pela Defensoria Pública da União.

A MRV Engenharia já esteve envolvida em outros casos do tipo, com resgate de trabalhadores em situações análogas à escravidão. Segundo Sakamoto, já houve resgates em obras da empresa em Macaé (RJ), em 2014,Contagem (MG), em 2013, Americana e Bauru (SP) e Curitiba (PR), em 2011.

A MRV disse, em nota, que "não compactua com nenhuma irregularidade na contratação de colaboradores" e que "suspendeu imediatamente o contrato com a empresa de recrutamento" e "apresentou todos os esclarecimentos e documentos que comprovam que os trabalhadores foram contratados de forma regular".

Uma audiência de conciliação deve ocorrer nesta segunda-feira, 24, para a negociação de um termo de ajustamento de conduta entre a MRV e o Ministério Público do Trabalho.

- Com informações de UOL.