Presidente Jair Bolsonaro e secretária Mayra Pinheiro, ouvida hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito
Presidente Jair Bolsonaro e secretária Mayra Pinheiro, ouvida hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito Reprodução/Instagram
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Brasília - O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse na segunda-feira, 24, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deve ser convocado novamente para depor na comissão porque "tripudiou sobre os brasileiros" ao participar de ato com o presidente Jair Bolsonaro anteontem, no Rio, sem usar máscara e causando aglomeração. A convocação do general será submetida amanhã a votação dos integrantes da CPI.
"É importante encaminhar a reconvocação para que não pairem dúvidas de que nós nos consideramos ofendidos", afirmou Renan. "O ex-ministro não pode tripudiar sobre a verdade e descaradamente mentir, divagar, não responder, como fez. A própria presença dele na CPI, novamente, é uma sanção, uma demonstração de que a comissão não concorda com esse escárnio", completou o senador.
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Nesta terça-feira, 24, a CPI da Covid vai ouvir o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Ela é conhecida como "capitã cloroquina" por defender o chamado "tratamento precoce" contra o coronavírus, um conjunto de medidas sem comprovação científica que inclui o uso de cloroquina e a ivermectina.
Mayra começou a ganhar projeção ainda no governo Dilma Rousseff por criticar, como presidente do sindicato dos médicos do Ceará, o programa Mais Médicos. Após a eleição de Bolsonaro, ela foi nomeada para o cargo no Ministério da Saúde por indicação do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
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Assim como fez Pazuello, Mayra buscou o Supremo Tribunal Federal para obter um habeas corpus preventivo e poder ficar em silêncio durante seu depoimento. Em uma primeira decisão, o ministro Ricardo Lewandowski negou o pedido. Depois, no entanto, o ministro autorizou que a secretária deixe de responder a perguntas relacionadas a fatos ocorridos entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, quando houve o colapso no Amazonas
‘Desmoralizado’
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O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que mudará o procedimento diante de depoentes que mentirem à comissão. Aziz destacou que Pazuello tinha habeas corpus concedido pelo Supremo para não se incriminar, mas não para mentir. "A partir de agora, as pessoas que tomarem a decisão de mentir poderão ser presas pela CPI. Não vou ser desmoralizado", afirmou Aziz em entrevista à Rádio Eldorado, ontem. Além de Pazuello, a cúpula da CPI quer reconvocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Aziz também criticou a participação de Pazuello em ato ao lado de Bolsonaro, uma conduta proibida pelo Exército. "Espero que o Exército possa tomar as providências necessárias."