A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro na CPI da Covid
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro na CPI da CovidEdilson Rodrigues/Agência Senado
Por O Dia
O relator da CPI da covid, Renan Calheiros, preparou uma espécie de dossiê em que aponta ao menos 11 contradições no depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Pinheiro, durante seu depoimento nesta terça-feira aos senadores.
Nesta tarde, Renan publicou em suas redes sociais alguns trechos das falas de Mayra e do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nos quais os dois se contradiziam a todo momento. A discordância nas declarações das testemunhas podem custar uma acusação de crime de falso testemunho.
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Quando questionada pelo senador sobre o desabastecimento de oxigênio em Manaus, no Amazonas, Mayra afirmou que foi informada pelo então ministro da Saúde sobre a crise no dia 8 de janeiro, desmentindo o que disse Pazuello. O ex-ministro afirmou, em seu depoimento à CPI, ter tomado conhecimento sobre o problema somente no dia 10 de janeiro.
"Tem uma falha de informação. Eu estive em Manaus no dia 5. O ministro teve conhecimento sobre o desabastecimento, creio que no dia 8", disse Mayra.
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Durante o depoimento, a "capitã cloroquina" afirmou, ainda, que o aplicativo TrateCov só não deu certo pois foi hackeado. 
"Essa ferramenta (aplicativo TrateCov) poderia ter ajudado a salvar muitas vidas em auxílio aos testes diagnósticos. Poderia ter ajudado a secretaria estadual e municipal de Manaus. Tudo isso foi perdido por essa invasão", afirmou a secretária da Educação em Saúde.
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Em janeiro, após o lançamento da plataforma que promovia remédios ineficazes contra a covid-19, como a hidroxicloroquina, a ferramenta fazia simulações e os remédios chegaram a ser recomendados de forma indiscriminada. No depoimento, Mayra afirmou que um jornalista hackeou a plataforma, mas foi rebatida afirmando que não houve invasão do sistema, nem extração indevida de dados. Ao ser questionada por Calheiros sobre a afirmativa, Mayra recuou.
Ao ser perguntada se continuaria a indicar o uso de medicamentos sem efetividade comprovada, mesmo indo contra o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS), Mayra respondeu que sim. Além disso, a secretária afirmou que o Brasil não é obrigado a seguir as orientações da OMS. Segundo ela, a cloroquina e a hidroxicloroquina não cura a covid, mas ajuda a diminuir as internações.
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Mayra também confirmou que apoia o método de "imunização de rebanho", em que a imunidade não seria alcançada somente com a vacinação, mas também com a contaminação.