Homem é atingido por bala de borracha no olho durante manifestação contra Bolsonaro em RecifeReprodução Internet

Por iG
Um documento oficial da comunicação interna da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) que vazou no último fim de semana revela que a ordem para repreender manifestantes pacíficos no Recife no dia 29 de maio foi dada pelo então comandante-geral da corporação, Vanildo Maranhão. Ele foi exonerado do cargo pelo governador Paulo Câmara (PSB) na semana passada.

O documento, um relato da ação feito por um oficial da PM, foi revelado pelo Jornal do Commercio e checado pelo Estadão. O ofício afirma que "por determinação do comandante-geral da PMPE", a Tropa de Choque deveria realizar a dispersão dos manifestantes usando dos "meios dispostos".

A manifestação contra o governo Bolsonaro foi dispersada por tropas do Choque com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Duas pessoas foram atingidas nos olhos e ficaram parcialmente cegas.

O documento também relata que a tropa de choque foi hostilizada pelos manifestantes e até mesmo atacada com pedras. A situação e a ordem já dada pelo coronel Vanildo Maranhão teriam sido as razões para a "utilização escalonada da força dos materiais de menor potencial ofensivo e das técnicas e táticas de controle de distúrbios civis", como descreve o relato policial.

O objetivo da ação policial era defender um decreto estadual de restrições sociais, que vetava manifestações por causa da pandemia da Covid-19.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) e a PMPE emitiram uma nota afirmando que não vão se posicionar sobre “supostos vazamentos”. A pasta informou que a PM já encaminhou todos os documentos relacionados a ação do dia 29 à Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social e que “tais elementos de prova fazem parte do procedimento instaurado para apurar as responsabilidades”.

De acordo com a SDS, oito policiais militares, três oficiais e cinco praças (incluindo o que teria atirado no rosto de Jonas Correia de França, que perdeu parte da visão), foram afastados e estão sendo investigados.
Antes do documento se tornar, o governador Paulo Câmara negou ter dado a ordem para PM repreender o ato. A repercussão negativa da ação provocou a queda do coronel Vanildo Maranhão de seu cargo e a demissão do secretário de Defesa Social, responsável pelo comando da PMPE, Antonio de Pádua. O governo de Pernambuco afirma que vai indenizar as vítimas e apurar o caso.

- Com informações do Estadão e do Jornal do Commercio.