Vice-presidente, Hamilton MourãoIsac Nóbrega/PR

Por iG
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) está descontente por ter sido deixado de lado, mais de uma vez, em reuniões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em entrevista ao Estadão, o general diz que fica "sem saber o que está sendo discutido" no Planalto.
"É muito chato o presidente fazer uma reunião com os ministros e deixar seu vice-presidente de fora. É um sinal muito ruim para a sociedade como um todo. Eu, como vice-presidente, fico sem conhecer, sem saber o que está sendo discutido. Isso não é bom, não faz bem. Eventualmente, eu tenho que substituir o presidente e, se não sei o que está acontecendo, como vou substituir? Não há condições. Eu tenho um relacionamento muito bom com o senador Flávio e não vejo problema com os demais. Também já deixei claro que eu tenho uma visão de mundo e ele (Bolsonaro) tem outra. Isso é uma realidade."
Publicidade
O militar também comentou a relação entre Bolsonaro e as Forças Armadas e outros assuntos, como o chamado 'orçamento paralelo' na Câmara dos Deputados.
Mourão negou que haja um 'orçamento paralelo' utilzado para "comprar" parlamentares do centrão. Segundo ele, "teve que haver negociação" para que o Planalto não 'perdesse o controle' sobre o Orçamento.
Publicidade
"Isso é um assunto que ainda vai ter de ser devidamente reorganizado, se não os governos ficarão totalmente à mercê dessa situação que está sendo vivida."
Segundo mourão, as Forças Armadas não se curvam às decisões de Bolsonaro. Questionado sobre a decisão do Exército de não punir Pazuello por participar de ato político ao lado de Bolsonaro — o que é proibido para militares da ativa como é o caso do ex-ministro da Saúde — o vice-presidente disse que "houve uma transgressão, mas sem gravidade".
Publicidade
"Eu não vejo uma questão de [o Exército] ceder para não incomodar [Bolsonaro]. No caso específico do Pazuello (ex-ministro da Saúde) houve uma transgressão, mas sem gravidade. O comandante do Exército optou por lhe dar apenas uma bronca em privado.
"Acendeu uma luz amarela nas Forças. Os próprios comandantes entendem que eles têm de abrir os braços, estabelecer uma barreira e dizer: “Olha, é daqui para trás. Daqui para a frente ninguém pode ultrapassar", concluiu.