O presidente Jair Bolsonaro (sem partido)AFP
Bolsonaro também voltou a atacar o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso. "Como diz o presidente do TSE, o sistema é seguro e é confiável, ninguém é dono da verdade. Eu não sou dono da verdade. Nenhum ministro seja qual o poder ou parlamentar é dono da verdade", disse.
O incômodo e as bravatas levantadas por Bolsonaro em relação às eleições não são de hoje. No ano passado, em uma viagem aos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que tinha provas de que a eleição de 2018, na qual foi eleito, teria sido fraudada já no primeiro turno. Apesar da declaração, ele nunca apresentou qualquer prova disso.
Bolsonaro falhou em apresentar provas até mesmo com a ajuda da direção da Polícia Federal. Como o Estadão revelou, em meados de junho, o comando da corporação pediu às superintendências do órgão nos Estados, por meio da Corregedoria, que encaminhassem todas as denúncias de fraudes recebidas ou apuradas desde 1996. Até agora uma única investigação foi localizada. O caso é de 2012, mas a PF concluiu que se tratava de tentativa de estelionato, não de fraude que tenha comprometido a eleição.
O presidente defende a adoção da impressão do voto eletrônico, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara, com autoria de sua aliada, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), e relatoria de Filipe Barros (PSL-PR), também bolsonarista. As chances dessa proposta prosperar no Congresso, no entanto, são cada dia menores.
Na semana passada, o Estadão revelou que no último dia 8 o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um interlocutor político. Na ocasião, o general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 sem aprovação do voto impresso. Após a publicação da reportagem, Braga Netto divulgou nota na qual disse que não se comunica por interlocutores e reiterou o apoio ao "voto eletrônico auditável", com "comprovante impresso".
"Eu quero eleições no ano que vem, vamos realizar eleições no ano que vem, mas eleições limpas, democráticas, sinceras", disse o presidente na live desta quinta-feira, 29.
No começo da transmissão ao vivo, Bolsonaro disse ter relatos de pessoas que tentaram votar em seu número na eleição presidencial de 2018 e foram impedidos pela urna, ao passo que pessoas que tentaram votar no então candidato do PT, Fernando Haddad, não enfrentaram problemas. O TSE esclarece que, neste caso, as pessoas estavam tentando votar em um candidato a governador e não a presidente -- o que inviabiliza o número "17" na urna.
Em outro momento, o presidente disse que só três países no mundo usam a urna eletrônica, entre eles o Butão. Sobre isso, o TSE esclarece que 23 países usam urnas com tecnologia eletrônica em suas eleições gerais. Outras 18 nações usam a urna em pleitos regionais. "Entre os países estão o Canadá, a Índia e a França, além dos Estados Unidos, que têm urnas eletrônicas em alguns estados", diz um trecho da checagem do TSE.
Em vários momentos da live, Bolsonaro disse que a apuração dos votos será feita "pelos mesmos que tornaram o ex-presidente Lula (PT) elegível e que o tiraram da cadeia". No entanto, a apuração dos votos é feita de forma pública, como explica o TSE.
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