Vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)Pedro França/Agência Senado

Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) vai acionar a Advocacia do Senado para entrar com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e trancar um inquérito da Polícia Federal. A PF abriu o inquérito para investigar vazamentos de depoimentos à comissão.

Além disso, a CPI vai representar judicialmente contra o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, pela abertura da investigação, classificada por senadores como uma "intimidação" aos trabalhos da CPI, que investiga ações e omissões do governo do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19.

A reação da CPI à PF foi anunciada pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no final da reunião do colegiado, nesta quarta-feira, 4, após depoimento do coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), voltou a acusar o governo de aparelhar a PF para perseguir a CPI. De acordo com ele, é possível "adestrar pessoas, mas não adestrar instituições". "Não vão nos intimidar", disse Renan.
Depoimento de Blanco
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O ex-assessor do Ministério da Saúde, coronel Marcelo Blanco, admitiu à CPI da Covid ter recebido uma proposta de oferta de vacinas da Davati Medical Supply em seu e-mail pessoal À comissão, Blanco vinha afirmando que orientou os envolvidos na negociação a acionar os e-mails institucionais da pasta.

Ao ser confrontado com a notícia sobre a proposta recebida por ele em meios pessoais, Blanco disse que não pediu que o documento fosse enviado diretamente a ele. "O Cristiano (da Davati) tomou a liberdade de enviar essa proposta, era uma FCO salvo engano de 17,5 dólares, e em seguida tem conversa minha, salve engano áudio, (falando que) tem que enviar para e-mails institucionais, não é para mim", disse Blanco, que afirmou ainda que chegou a questionar quem seria Rafael, que teria lhe enviado o e-mail.

No entanto, reportagem publicada pela CNN Brasil aponta que Blanco teria pedido que documentos fossem enviados para seu e-mail. O veículo exibe uma suposta conversa entre Blanco e Cristiano Carvalho, da Davati, em que o coronel teria feito essa solicitação.