Presidente Jair BolsonaroMarcos Correa

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta quarta-feira, 4, que seria obrigado a jogar fora das quatro linhas definidas pela Constituição caso chegue a ele algo fora dos limites definidos pela Carta Magna.

Na segunda-feira, 2, durante primeira sessão do semestre do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Corte autorizou a abertura de inquérito para investigar se os ataques do presidente à urna eletrônica constituem infração, bem como solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que analise se o presidente deve ser incluído em investigação sobre o disparo de fake news.

Em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, o presidente disse que o inquérito sobre o disparo de notícias fraudulentas nasce sem qualquer embasamento jurídico. "(A abertura) está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está. Então o antídoto para isso também não está dentro das quatro linhas. Aqui ninguém é mais macho que ninguém", disse.

Bolsonaro também acusou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, de ter candidato para as eleições do próximo ano, bem como distorceu votos do ministro para atribuir a ele a defesa das drogas, do "direito das amantes" e da pedofilia. "Tudo o que ele (Barroso) defende não se adequa a sociedade brasileira", disse Bolsonaro.

Para o presidente, Barroso não tem qualquer amor à democracia. "Não pode um ministro ocasionar esse tumulto todo", disse sobre o assunto. "Não tente me jogar contra o Supremo e levar para o lado do corporativismo", alertou.
Suposta 'fraude eleitoral'
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Na noite desta quarta-feira, Bolsonaro compartilhou pelo Twitter documentos do inquérito da Polícia Federal que investigam o comprometimento de sistemas do TSE. Segundo o presidente, "o sistema eleitoral brasileiro foi invadido e, portanto, é violável". O inquérito foi cedido pela Polícia Federal ao deputado e relator da proposta de voto impresso na Câmara, Filipe Barros (PSL-PR), que disse se tratar de uma investigação em sigilo.

Conforme relata Bolsonaro, uma pessoa não autorizada teria tido acesso aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre abril e novembro de 2018, época que antecedeu as eleições para presidente no país. 
Em novembro do ano passado, o TSE, apesar de confirmar a invasão no período citado, minimizou a relevância dos dados afetados, uma vez que se tratariam de informações antigas e, portanto, desatualizadas.
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Invasão ao sistema eleitoral
Ainda na noite desta quarta-feira, o presidente acusou o TSE de acobertar invasão ao sistema eleitoral da Corte que continha os códigos usados nas urnas eletrônicas. "O próprio TSE apagou os arquivos por onde andou o hacker e estaria ali a prova onde ele possivelmente adulterou. É inquérito que o TSE deveria dar prioridade máxima", disse Bolsonaro em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan. "Isso é um crime. É um crime!".
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De acordo com o presidente, sobre as urnas eletrônicas, o TSE é "réu confesso". Na noite passada, o presidente disse ter obtido acesso a provas de que um hacker havia conseguido acesso aos sistemas do TSE entre abril e novembro de 2018, período imediatamente anterior às eleições que o escolheram para o mandato de chefe do Executivo.
A invasão teria, então, sido comunicada ao portal TecMundo. Desde novembro de 2020, o mesmo portal mantém no ar uma atualização sobre o caso em que desmente a versão dada por Bolsonaro hoje e diz que as informações acessadas seriam dos anos de 2001 a 2010 e, portanto, defasadas, ultrapassadas e inócuas para o uso em fraudes eleitorais

Apesar de a versão já ter sido rebatida no ano passado, o presidente voltou a reforçar, sem provas, a hipótese de que sua chapa teria ganho "disparado" no primeiro turno das eleições de 2018. "Não quero inventar, mas são indícios fortíssimos", disse

Após ter sido aberto inquérito pelo TSE para apurar os ataques de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, o presidente reforçou também os ataques contra o presidente da Corte, o ministro Luís Roberto Barroso. Segundo Bolsonaro, Barroso é mentiroso e propaga fake news, em especial, sobre a possibilidade de a proposta de recibo eleitoral, se aprovada, favorecer a compra de votos. "É triste chamar um ministro de mentiroso", completou Bolsonaro.