Ex-secretário da Anvisa, José Ricardo Santana presta depoimento à CPI da CovidJefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - O empresário e ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Ricardo Santana, afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta quinta-feira, 26, que não presenciou nenhum pedido de propina durante jantar o realizado, em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto em Brasília. "Eu não presenciei nenhum pedido de vantagem indevida", disse Santana.
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De acordo com o depoente, pessoas que participaram do jantar - onde supostamente teria havido um pedido de propina -, conversaram apenas sobre "amenidades". Ele também afirmou que o policial militar Luiz Paulo Domingheti, que se apresentava como representante da Davati, e o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, permaneceram apenas 20 minutos no local.
O jantar contou com a presença do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, que segundo Dominghetti, foi responsável por um pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina da AstraZeneca. Durante seu depoimento à CPI, Dias negou pedido de propina. Blanco, que também prestou depoimento ao colegiado, alegou que, enquanto ele esteve presente no jantar, "não houve pedido".

Com as dificuldades de obter respostas do depoente tanto sobre suas relações quanto sua atuação no Ministério da Saúde, o comando do colegiado aprovou um requerimento para que a Saúde informe todos os dias e horas das entradas de Santana no ministério.
Requerimento
Nesta quinta-feira, a comissão também aprovou o requerimento para que o Ministério da Saúde informe os dias e horários em que Santana esteve no órgão e em que local ele foi. "Se não, nós vamos recorrer à Justiça para pegar esses documentos judicialmente. O Ministério da Saúde tem atrapalhado e muito os trabalhos dessa CPI", reclamou o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Condição de investigado
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, Renan Calheiros (MDB-AL), comunicou que Santana passará de testemunha à condição de investigado pela comissão. "Nós nos submetemos a esse escárnio quase diariamente", comentou Renan, fazendo referência aos momentos em que o empresário deixou de responder aos questionamentos realizados pelos senadores.
Confronto
O relator leu uma série de mensagens que estão em posse da CPI para confrontar o ex-secretário. O depoente, por sua vez, voltou a ficar em silêncio sob o habeas corpus, concedido pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Renan questionou sobre contatos com Eduardo Macario em relação a testes de covid-19 e conversas com Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria.
Antes disso, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já havia apontado que, pelas informações da comissão, Santana conheceu o lobista Marconny Albernaz de Faria, com quem fala em áudio divulgado pela comissão, na casa de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 
O ex-secretário da agência reguladora permaneceu sem responder as perguntas feitas pelo relator, uma vez que estava respaldado pelo habeas corpus. Renan, então, afirmou que o silêncio é incriminador: "O silêncio é incriminador, porque acaba sendo desmascarado por mensagens que temos na comissão", disse o relator da CPI.
*Com informações do Estadão Conteúdo