Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, não descarta o pedido de prisão preventiva do depoenteJefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - Na expectativa para a oitiva desta quinta-feira, 2, que deve ouvir Marconny Faria, apontado como lobista da Precisa Medicamentos para a venda da vacina Covaxin ao Ministério da Saúde, os senadores já estão se movimentando para garantir que o depoimento aconteça. Apesar dos advogados dele já estarem presentes na CPI, a informação é de que o depoente ainda não compareceu ao Senado. Com a incerteza, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), assinou uma "condução coercitiva" do lobista para que a Polícia Legislativa do Senado vá atrás de Marconny.
Sem a presença de Marconny na CPI, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), afirmou que a comissão solicitou à Polícia do Senado que conduza o depoente à sessão. Caso ele não seja localizado, Randolfe disse que pedirá sua prisão preventiva. A partir daí, ele pode ser considerado foragido, com a possibilidade de que a Interpol seja acionada para proceder à prisão, caso não mais esteja no Brasil. 
"O médico deu atestado de 20 dias. Horas depois, entrou em contato com a CPI e disse que percebeu que ele [Marconny Nunes] estava fingindo. Se percebeu que estava fingindo, não poderia ter dado 20 dias para um homem desses. Mas deu assim mesmo. O médico disse que estava pensando em desfazer o atestado, mas que iria consultar um advogado sobre como não se comprometer eticamente. Ora, o senhor já está comprometido eticamente, afirmou.
Sem a presença do depoente, houve a divulgação de um áudio de Marconny enviado à advogada do presidente Bolsonaro, Karina Kufa. Depois divulgação do áudio, o presidente da comissão suspendeu a reunião por dez minutos e chamou os senadores à mesa.

O senador Marco Rogério (DEM-RO), membro governista da CPI, chegou a questionar a origem da prova apresentada, e Aziz concordou ser necessário saber o contexto do áudio. O presidente informou, ainda, que com dificuldade da secretaria da mesa dado ao grande volume de informação em mãos do colegiado, era necessário interromper a reunião.

O áudio em questão seria do dia 25 de maio do ano passado. Na ocasião, Karina Kufa teria dado um jantar em que o empresário e o ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) José Ricardo Santana, que já prestou depoimento à CPI, teria conhecido o lobista. Juntos, eles enviaram ao Ministério da Saúde um suposto "passo a passo" de como fraudar licitações para favorecer a Precisa.
Segundo a CPI, não pesa só a ligação entre o lobby das vacinas da Covaxin. Há ainda investigação sobre a venda de testes contra a covid-19 ao governo federal e qual a relação dele com integrantes da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Vale lembrar que Marconny possui habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que possibilita ficar em silêncio e não responder a perguntas que possam incriminá-lo. A decisão do habeas corpus foi da ministra Cármen Lúcia.
Já o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho está no Senado e pode ser ouvido pela CPI ainda hoje, caso Marconny Faria não compareça ao depoimento. Francisco Araújo foi preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo. A investigação abarcou ilicitudes na aquisição de testes rápidos para detecção da covid-19 para a rede pública de saúde local.