Na carta assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), os senadores pedem que Bolsonaro responda aos questionamentosEdilson Rodrigues/Agência Senado

Brasília - O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta quinta-feira, 2, que, caso Marconny Faria, apontado como lobista da Precisa Medicamentos para a venda de vacinas Covaxin ao Ministério da Saúde, não seja encontrado para prestar depoimento à CPI, será pedida a prisão preventiva do depoente e a apreensão do passaporte para evitar que ele fuja do Brasil.

O vice-presidente da CPI afirmou que o pedido de prisão foi feito por ele, não sendo ainda uma posição unânime do G7 da comissão. A CPI já pediu condução coercitiva de Marconny Faria.
"Eu requisitarei, mas ainda não é uma posição da CPI, a determinação para autoridade judicial de primeira instância sobre o pedido de prisão preventiva e, automocatimente, a comunicação à Interpol para uma eventual evasão desse senhor do território nacional", disse Randolfe.
De acordo com o senador, a CPI tem informações de que Marconny poderia estar tentando sair do País, e a medida seria uma maneira de impedir sua evasão.
A negociação para venda da Covaxin não é o único fato que a CPI quer esclarecimentos. Isso porque os senadores querem informações também sobre a participação de Marconny na venda de testes contra a covid-19 ao governo federal e qual a relação dele com integrantes da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Marconny não é o senhor do lobby da Precisa Medicamentos. Ele é o senhor de todos os lobbies. É dele a arquitetura ideal de como burlar um processo licitatório", disse Randolfe.
Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), Marconny tinha ligação "com todas as vertentes dessa roubalheira toda". Segundo ele, a CPI cumpriu papel fundamental de investigação de uma quadrilha que tomava conta do Ministério da Saúde há anos, também em outros governos.

"Eles não têm mais o que dizer. Diante do volume de informações que esta comissão tem, entraram na fase do cinismo e estão preferindo sumir, correr, se internar em hospital; mas vamos continuar esclarecendo tudo. Ele era operador da Precisa, mas não só. Desde junho de 2020 que setores da PF e do MP sabem do papel do Marconny e isso foi ocultado. Eles continuaram e, por isso, deu no que deu: nesse morticínio e nessa crise política", disse Renan.

Nesta quarta-feira, Marconny apresentou um atestado para não comparecer à CPI. Mas ainda no mesmo dia, de acordo com o presidente Omar Aziz (PSD-AM), o médico que o atendeu entrou em contato para informar ter desconfiado de que o paciente estivesse mentindo. Diante disso, o profissional de saúde iria avaliar com o departamento jurídico do Hospital Sírio-Libanês a possibilidade de cancelar o atestado.

"O Marconny pode ter ido lá pedir um atestado sem citar a CPI. O médico disse que forneceu 20 dias só para fins laborais. Não quero aqui julgar o médico, mas um trabalhador comum pode estar morrendo que nunca vai ter 20 dias de folga. Queremos saber do doutor em que exame ele se baseou para dar 20 dias de folga para o cara. Espero que tenhamos uma resposta", afirmou Omar.