Presidente do Senado, Rodrigo PachecoPedro Gontijo/Senado Federal

Após uma reunião com seis governadores na manhã desta quinta-feira, 2, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendeu o diálogo, a preservação da democracia e a melhor distribuição de recursos entre União, estados e municípios. Pacheco afirmou que "não se negocia" com a democracia, em um momento de crise política entre os poderes.
"Não se negocia a democracia. O Estado de direto é inegociável. A preservação do Estado de direito, da democracia deve ser sempre considerada como um ativo nacional para termos uma evolução do país e construirmos uma sociedade mais justa", afirmou Pacheco.
O presidente do Senado se reuniu com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB); do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB); do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB); do Pará, Helder Barbalho (MDB); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena o Fórum dos Governadores. A conversa com Pacheco ocorreu após uma tentativa frustrada de reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Durante esse encontro, que ocorreu na residência oficial do Senado, os chefes dos Executivos locais pediram que Pacheco conduza o diálogo entre os Poderes. O senador acrescentou que a manifestação dos governadores não tem como objetivo "fulanizar" ninguém, nem tampouco agredir, mas, sim, buscar convergências respeitando "divergências".
"Não é possível interromper o diálogo com nenhum dos Poderes, com nenhuma das instituições. E não é possível não ouvir governadores dos estados. Um diálogo se constrói na busca de convergências e consensos, mas respeita divergências. É um exercício democrático. Obviamente que há um esforço de todos para a preservação do estado de direito e da democracia, que são considerados um ativo nacional", disse Pacheco.
Além disso, os chefes dos Executivos estaduais expressaram preocupação com as manifestações marcadas por apoiadores de Bolsonaro no dia 7 de setembro. O presidente do Senado disse esperar que esse ato e o agendado pela oposição no dia 12 de setembro sejam pacíficos. O senador reforçou que manifestações contra a democracia, contra a realização das eleições e a favor de intervenções autoritárias serão rechaçadas.

Na reunião com governadores, o presidente do Senado defendeu medidas para conter o aumento dos preços dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis. Ele chamou atenção para a necessidade de o Ministério da Economia ter protagonismo nessas soluções. Nos últimos dias, a crise entre o Senado e o ministro da pasta, Paulo Guedes, aumentou junto com os ruídos e a falta de diálogo entre senadores e o Palácio do Planalto. Os governadores também cobraram a renovação de contratos para compra de vacinas contra a covid-19.
O país passa por uma séria instabilidade política por conta de ataques do presidente Bolsonaro em relação a confiabilidade das urnas eletrônicas e contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Para o feriado de sete de Setembro, grupos de apoiadores de Bolsonaro pretendem fazer uma manifestação para defender o fechamento da Corte.
Além da crise política, o país vive em um momento de crise econômica, que afeta uma maior oferta de empregos no mercado de trabalho. Pacheco voltar a defender a democracia e afirmou que ela possibilita que se construa uma melhor realidade social, mas que para isso "é importante que estejamos unidos e respeitando os divergentes na busca de entendimento", finalizou o presidente do Senado.
Por intermédio de Pacheco, os governadores decidiram elaborar uma nota técnica e cobrar do Ministério da Saúde a renovação de contratos de compra de vacinas contra a covid-19 no âmbito do Plano Nacional de Imunização (PNI). A preocupação é com contratos vencendo em setembro e a necessidade de concluir a vacinação da população, além de uma terceira dose de reforço para grupos prioritários.
"Queremos evitar uma corrida de Estados e municípios atrás de vacinas dentro desses contratos", disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). "A ideia é que possamos até outubro avançar bem, para não ter problema na relação com outros países por conta da pandemia, e também até o fim do ano alcançarmos a imunização plena, o controle do coronavírus", afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
*Com informações do Estadão Conteúdo