CPI se reúne para ouvir o depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent SeniorReprodução

Brasília - A CPI da Covid realiza a oitiva, nesta quarta-feira, 22, do diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. Senadores vão questioná-lo sobre denúncias de pacientes da operadora, que teriam sido assediados para aceitar o tratamento precoce, além de médicos forçados a prescrevê-lo. Em fala inicial, o empresário negou que a operadora tenha ocultado óbitos de pacientes em estudo sobre a hidroxicloroquina e acusou os ex-médicos da Prevent de manipular os dados divulgados à comissão.

Além disso, ele disse que a análise realizada pela Prevent Senior sobre a hidroxicloroquina e a azitromicina foi observacional, analisando apenas os “atos médicos” e, por isso, a operadora não precisou de autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Veja:
Em relação aos óbitos que a operadora foi acusada de ocultar, segundo o depoente, ele teriam ocorrido apenas após finalização do estudo pela Prevent. Ele disse ainda que uma dessas mortes não teria ocorrido, pois a paciente está viva.

Quanto à manipulação, o empresário afirmou aos senadores que as mensagens e planilhas de acompanhamento de pacientes foram manipuladas pelos ex-médicos da Prevent Senior George Joppert Netto e André Fernandes Joppert, desligados da empresa em julho de 2020. O casal de médicos teria invadido o sistema da Prevent e manipulado a documentação com as informações sobre pacientes.

Após ser questionado por Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a descredibilização do estudo entre a comunidade científica, o depoente afirmou que o documento “nunca foi publicado e a observação dos 630 pacientes não foi um estudo”.

Ainda negando acusação, o diretor-executivo afirmou, em fala inicial, que a Prevent Senior tenha privado funcionários de utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), afirmando que, desde o início da pandemia, a operadora investiu mais R$ 80 milhões nesses insumos.

Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a exibir uma coletânea de vídeos nos quais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promove o tratamento precoce com os fármacos do ‘kit covid’, dentre eles a hidroxicloroquina. Em seguida, ele questionou o depoente acerca do impacto da promoção, pelo próprio chefe do Executivo, do medicamento.

“Houve, até devido à pronunciamentos, não só da presidência da República, mas de outras pessoas influentes também, uma série de pacientes exigindo a prescrição da medicação”, respondeu Pedro Benedito.
Após ser questionado por Calheiros sobre a afirmação proferida por Bolsonaro de que a cloroquina garantiria “100% de cura” contra a covid, o depoente afirmou que “não existe qualquer medicação milagrosa”. Ele, no entanto, defendeu a autonomia dos médicos para prescreverem “a melhor medida” para cada paciente.
"O teste sendo realizado com mais eficácia, o isolamento do paciente e a utilização de tudo o que hoje é sabido pode, sim, amenizar a evolução da doença. A minha observação em relação a qualquer situação de tratamento é que não existe qualquer medicação milagrosa, como todos nós já sabemos", pontuou.
Senadores prestam solidariedade à Simone Tebet

Antes da fala inicial do depoente, senadores comentaram o depoimento do ministro da Controladoria-Geral da República (CGU), Wagner Rosário. Após o depoente chamar, nesta terça-feira, 21, a senadora Simone Tebet de descontrolada, parlamentares criticaram veementemente a atitude de Wagner, visivelmente machista.

Na sessão desta manhã, senadores prestaram sua solidariedade à senadora. Eliziane Gama (Cidadania-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Zenaide Maia (Pros-RN), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Leila Barros (Cidadania-DF) elogiaram o comportamento da senadora.
O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticou a atitude do senador Marcos Rogério (DEM-RO), por não apoiar a senadora após o ataque do depoente. Veja:
"Uma das cenas mais tristes que vi ontem, que foi repelida por Leila, foi colega senador, enquanto todos os demais reagiam em solidariedade à Simone, fazer coro com machista", criticou Randolfe.
A senadora Leila Barros (Cidadania-DF), que criticou duramente Marcos Rogério na sessão desta terça, agradeceu a menção de Randolfe e fez um breve discurso sobre o ocorrido.   
"Não aceito mais esse tipo de comportamento com nenhuma mulher na minha frente. Não é porque eu tenho 1,80 m ou porque fui atleta. É porque sou mulher! Prestemos atenção nessa estratégia baixa de muitos depoentes nesta CPI", disse a senadora.
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