Diogo Mainardi relatou a história em uma coluna Reprodução/Congresso em Foco
Jornalista Diogo Mainardi afirma que Prevent Senior tentou ocultar a morte de seu pai por covid-19
Diogo chegou a comparar o caso de seu pai com o da mãe do empresário Luciano Hang. Indícios apontam que os prontuários médicos eram modificados pela operadora de saúde
Após a repercussão de casos em que a Prevent Senior teria ocultado mortes por covid-19, o jornalista Diogo Mainardi disse que a operadora de saúde tentou fazer exatamente isso quando seu pai faleceu. O publicitário, jornalista e escritor Enio Mainardi morreu em agosto do ano passado, aos 85 anos, por complicações da doença.
A declaração foi dada por Diogo em uma coluna publicada na revista Crusoé, na última sexta-feira, 24, mas teve maior repercussão na imprensa na noite desta segunda, 27. No texto, o jornalista comparou o caso de seu pai com o do médico Anthony Wong e da mãe do empresário Luciano Hang, Regina Hang.
Em ambas as situações, a operadora de saúde teria omitido a covid-19 nos registros de óbito. Documentos obtidos pela CPI da Covid apontam que os prontuários médicos foram modificados.
"Assim como meu pai, eles morreram de covid. Assim como meu pai, eles estavam internados no hospital Sancta Maggiore. Assim como meu pai, houve a tentativa de ocultar a causa de suas mortes", denunciou.
Mainardi inclusive cita a médica Nise Yamaguchi, investigada pela CPI como integrante de um suposto gabinete paralelo ao Ministério da Saúde. "Quando anunciei sua morte, os bolsonaristas abarrotaram as redes sociais com mentiras, negando que ele houvesse morrido de Covid. Nise Yamaguchi, a principal animadora do gabinete paralelo do Ministério da Saúde, encarregou-se pessoalmente de espalhar falsidades sobre ele em grupos de WhatsApp", acusou. Diante disso, Diogo defendeu uma intervenção judicial na Prevent Senior.
A Prevent afirmou em nota que nunca escondeu ou subnotificou óbitos. No entanto, em depoimento à CPI, o diretor-executivo da operadora, Pedro Benedito, admitiu que eles alteravam o diagnóstico de doença dos pacientes com covid-19 após os 14 dias considerados como período de transmissão da doença.
A CPI investiga ainda a atuação da Prevent com a disseminação de "kit Covid", composto por remédios sem eficácia contra o coronavírus. Outro ponto apurado pela CPI é a participação ou omissão do governo federal nos procedimentos realizados no hospital.
Nesta terça-feira, 28, em depoimento à comissão a advogada Bruna Morato, que representa os ex-funcionários da operadora, confirmou que os médicos eram obrigados a entregarem o 'kit covid' para pacientes com a doença. Segundo ela, o plano utilizou o tratamento precoce como forma de evitar a internação de pacientes e, assim, reduzir custos com leitos de UTI.
“Era uma estratégia para a redução de custos, uma vez que é muito mais barato para a operadora de saúde disponibilizar do que efetivamente fazer a internação daqueles pacientes”, disse Morato.