A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 ouve o empresário Otávio Oscar Fakhoury nesta quinta-feira, 30Leopoldo Silva/Agência Senado

Brasília - Durante depoimento à CPI na Covid, Otávio Fakhoury admitiu que repassou R$ 200 mil reais ao Instituto Conservador-Liberal, fundado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. O empresário, no entanto, negou ter vínculos de amizade com Eduardo e disse que a doação foi um ato filantrópico.

A entidade, como diz o nome, tem como principal objetivo difundir valores liberais e conservadores. Dentre as diretrizes compartilhadas pelo instituto estão a defesa da família e a limitação ao poder do estado. O depoente negou que a doação estivesse relacionada à campanha eleitoral de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018. Ainda segundo o empresário, ele conheceu Eduardo em 2019, quando ingressou no PSL como tesoureiro.
Calheiros também comentou sobre os planos de Fakhoury de comprar emissoras de rádio para um projeto de direita. Segundo o depoente, ele chegou a pedir para que Eduardo indicasse donos de rádios para que ele pudesse negociar, mas nenhum órgão foi procurado.

Mais cedo, Calheiros havia questionado Fakhoury sobre reajuste de 400% em aluguel de imóvel à Petrobras, de propriedade do depoente, depois de pedido de despejo.

Segundo o senador, um aditivo contratual de 7 de maio de 2019 reajustou o valor da locação de R$ 30 mil para R$ 110 mil e depois para R$ 150 mil. "Todos os valores da locação foram reajustados com datas retroativas", afirmou Calheiros. "Essa diferença deveria ser paga em 20 dias."

Fakhoury não detalhou a negociação e afirmou que a mesma"inteiramente judicializada" desde 2017. Ele negou que os valores tenham sido direcionados a doação de campanha eleitoral.
Instituto Força Brasil

O relator também questionou o depoente acerca de sua relação com o presidente do Instituto Força Brasil, Helcio Bruno de Almeida, alvo da CPI. Segundo o empresário, eles são amigos pessoais e, dentro do instituto, ele ajudou o custeio para iniciar o projeto.

O Instituto Força Brasil (IFB) é uma organização sem fins lucrativos de cunho conservador sediada em Brasília. No site do instituto há publicações enganosas sobre a pandemia. Uma delas diz que "a maioria das pessoas é imune ao vírus da Covid". Há também a presença de textos negando a eficácia de máscaras. "Somos pró vida, pró família, pró armas e pró liberdade", diz a descrição do site.
Movimentações financeiras
Antes de questionar o depoente acerca de movimentações financeiras ligadas a investigados da CPI, Calheiros apresentou um quadro que detalhava essas ligações. No quadro, apereciam conexões do empresário com o coronel Hélcio Bruno de Almeida, Eduardo Bolsonaro e outros nomes.
"As informações bancárias de vossa senhoria, apontam para uma série de depósitos vultuosos na conta de empresas ligadas à comunicação e disseminação de fake news na pandemia", disse o relator. Confira:
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