Jair Bolsonaro e Allan dos Santos Divulgação

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, investigado em dois inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF), tinha uma informante dentro do gabinete do ministro Lewandowski mostram mensagens coletadas pela Polícia Federal. As informações são da Folha de S. Paulo.
Allan dos Santos, fundador do site Terça Livre, é alvo de dois inquéritos no Supremo: um por suposta disseminação de fake news e outro que apura quem financia essas ações e os atos antidemocráticos.
Segundo mensagens obtidas pela PF, a 'informante' de Allan dos Santos era Tatiana Garcia Bressan, 45 anos, ex-estagiária de Lewandowski. As conversas começaram em 23 de outubro de 2018 e vão até 31 de março de 2020. 
Na primeira conversa, Tatiana diz a Allan que teria interesse em trabalhar na equipe da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), e diz que está no gabinete de Lewandowski.
Allan se interessa e pede a Tatiana que seja informante dele dentro do Supremo. Ela responde: "Será uma honra. Estou lá kkk".
Em seguida, o blogueiro pergunta o que de mais espantoso Tatiana vê no gabinete. Ela diz: "O que vi de mais espantoso é que realmente eles decidem o que querem e como querem. Algumas decisões são modificadas porque alguém importante liga pro ministro".

General Villas Boas

Em uma das mensagens, Tatiana confidencia a Allan que o general Eduardo Villas Boas, ex-comandante do Exército, "tem trânsito com quase todos os ministros".
"Quando ele liga, o Lewandowski o atende prontamente. Dizem por lá q o pedido de suspensão de liminar feito pelo partido NOVO foi combinado a pedido do Fux e Toffoli. Vc sabe que o Villas Boas botou um general pra trabalhar junto com o Toffoli na presidência, né?", diz a estagiária.
Ainda se referindo a Villas Boas, Tatiana diz a Allan que o Brasil tem um "general na presidência". "Inclusive Toffoli [ministro Dias Toffoli, então presidente do STF] nem fala mais em ditadura de 64. Fala em 'movimento de 64", complementa.

Liberdade de Lula

Antes de Lula ser solto por decisão do Supremo, a estagiária diz que a decisão seria de Lewandowski.
"Tem uma coisa Allan, mas acho q você já sabe... tenho pra mim que quem soltará o Lula será o Lewandowski porque com a última decisão nos autos da reclamação que a defesa ajuizou em nome do próprio lula, pedindo que ele pudesse conceder entrevista para quem quisesse. Como esse decisão foi a primeira envolvendo a execução da pena do lula, tornou o Lewandowski prevento para futuras decisões envolvendo a execução da pena dele (sic)", escreve.
Na verdade, o petista foi solto apenas em novembro de 2019, quando o STF proibiu a prisão imediatamente após condenação em segunda instância. ​
À Folha, Tatiana negou ter sido informante de Allan. Ela afirma que só entrou em contato com Allan dos Santos porque queria um emprego no gabinete de Bia Kicis.
"Eu era estagiária e não tinha acesso a relatórios finais de decisões, mas a gente houve (sic) coisas nos bastidores e não sei como falei com ele pq (sic) não tenho o print [das conversas]", disse, por mensagem.
"Se falei coisas foram coisas q (sic) vi acontecendo no âmbito geral do STF pq (sic) eu era só uma estagiária".