Ex-médico da Prevent depõe à CPI nesta quinta-feira, 7Pedro França / Agência Senado
“Eu já tinha uma inadequação com isso lá, pela imposição de não ter autonomia médica, não poder pedir determinado exame. Às vezes, você tinha que negociar com quem era seu superior para fazer determinada coisa e aquilo não era autorizado. Às vezes, o paciente evoluía com gravidade ao óbito. Isso era uma política antiga da empresa”, disse. Confira:
Renan Calheiros pergunta para Walter Correa quando a Prevent Senior começou com os tratamentos com hidroxicloroquina. "Essa questão da falta de autonomia médica vem antes da pandemia", diz ex-médico da empresa.
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“Fui bombeiro militar e policial civil e não havia hierarquia tão rígida como o que acontecia na Prevent Senior. Era muitas vezes uma hierarquia baseada em assédio moral. Então, você se voltar contra qualquer orientação do seu superior, resultaria em represálias importantes, talvez perder seu trabalho. Vivíamos em um ambiente em que todas as pessoas ficavam receosas de contrariar qualquer orientação”, relatou. Assista:
"A hierarquia da Prevent Senior era baseada até em assédio moral", conta ex-médico da empresa.
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Walter também falou sobre o estudo realizado pela operadora. Segundo o depoente, os médicos da Prevent sabiam que o tratamento de pacientes da covid-19 com hidroxicloroquina não trazia os resultados prometidos e divulgados pela direção da operadora de saúde. No entanto, a promoção do medicamento feita pela operadora acabava induzindo muitos médicos ao erro.
Além disso, Walter confirmou que, no início da pandemia, a Prevent chegou a proibir médicos da operadora de utilizarem máscaras para não “assustar os pacientes”. Segundo o depoente, em uma ocasião, a Dra. Paola pediu para que ele removesse o equipamento. Veja:
Ex-médico relata que chegou para trabalhar após surto de covid, e a coordenadora pediu que ele retirasse a máscara pois "assustaria os pacientes".
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O depoente também denunciou o modelo de atendimento do plano de saúde. É "absolutamente inadequado, talvez em alguns momentos até criminoso”, disse. Segundo ele, o atendimento era feito por enfermeiros, que tinham acesso ao sistema de prontuários através do login e senha dos médicos da operadora.
A imposição da empresa pela agilidade induzia os médicos às vezes a simplesmente deixar o atendimento a cargo do enfermeiro e ficar rodando os consultórios para carimbar e assinar. Alguns colegas chegavam ao absurdo de fazer carimbos extras e deixar com os enfermeiros para que eles já fossem assinando e carimbando”, contou. “Os pacientes que estavam nesse modelo de acolhimento só iam passando pelos enfermeiros que já estavam com o kit pronto”, completou.
"Poucos se atreviam a não prescrever o 'kit covid' pois quem se recusava era demitido", diz ex-médico da Prevent Senior.
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O ex-funcionário da Prevent afirmou aos senadores que o motivo da morte de Anthony Wong foi de fato omitido. Segundo o depoente, seria ruim para a política da empresa que todos soubessem que Wong morreu de covid-19 tendo feito tratamento precoce, “não só uma, mas duas vezes”. Anthony era médico, toxicologista e grande defensor do tratamento precoce.
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), Walter também disse que não sabe a razão de não constar covid-19 no atestado de óbito de Regina Hang. Ela era mãe do empresário Luciano Hang e ficou internada no hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior.
"Continuam tentando me silenciar", ex-médico diz que superiores da Prevent ameaçavam ele, falando que acabariam com a carreira dele e que tirariam o CRN.
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O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também exibiu um compilado de vídeos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendendo o uso do ‘kit covid’ e questionou o depoente sobre a influência das declarações. Em resposta, Walter concordou.
“Pode induzir as pessoas ao erro. É uma desinformação que pode fazer com que as pessoas deixem de tomar outras medidas. Acreditando que há um tratamento inicial eficaz, podem deixar de se proteger, evitar vacinas e outras condições que podem acabar levando a pessoa ao óbito”, disse.
Mais tarde, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) mencionou uma publicação de Bolsonaro, no dia 18 de abril, na qual ele afirma que não tinha havido nenhum óbito em estudo da Prevent com o uso da hidroxicloroquina. A publicação foi desmentida pelo médico Walter Correa. O relator classificou a informação como mais uma fake news do chefe do Executivo.
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