Fundador de ONG destaca falta de empatia de Bolsonaro durante pandemia Edilson Rodrigues/Agência Senado

Brasília - A CPI da Covid realiza, nesta segunda-feira, 18, sua sessão de encerramento. Ao início da manhã, os senadores ouvem pessoas afetadas pela pandemia e começaram a oitiva com a fala de Antônio Carlos Alves Sá Costa, ativista fundador da ONG Rio de Paz. À comissão, Costa fez um discurso inflamado acerca da gestão da pandemia no país, na qual pessoas passaram a “depender da misericórdia incerta da sociedade e do poder público para sobreviver”.
Segundo o depoente, os últimos dois anos vividos no país “foram os mais difíceis dessa geração”. Confira o momento:

“O que esperar daquele que ocupa o mais alto posto da República em um cenário assustador e angustiante como este, no qual tantos doaram suas vidas para que o pior não acontecesse? O que vimos foi a antítese de tudo que se esperava de um presidente da República. Jamais o vimos derramar lágrimas de compaixão ou expressar profundo pesar pelo povo brasileiro. Não soubemos de favela que ele tenha visitado ou hospital para o qual tenha se dirigido a fim de comunicar ânimo aos nossos profissionais de saúde. Nenhuma palavra de direção ou encorajamento às milhões de famílias aturdidas com a crise múltipla que se estabeleceu no país”, declarou Costa.

Na sequência, Mayra Pires Lima, enfermeira em Manaus, falou à comissão acerca da falta de valorização que os profissionais de saúde têm tido durante a pandemia. Aos senadores, ela disse que, durante a pandemia, muitos dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) eram comprados pelos próprios enfermeiros. Veja:

A enfermeira citou o Projeto de Lei (PL) 2.564/20 que pede a instituição do piso salarial nacional do Enfermeiro, do Técnico de Enfermagem, do Auxiliar de Enfermagem e da Parteira. O projeto é de autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES).

“A gente não precisa de tapinhas nas costas, a gente precisa de valorização precisa evitar que nossos colegas morram. Muitas vezes a gente vai atender pacientes e tiramos do próprio bolso para cuidar deles e evitar que eles morram. Como eu me expus muitas vezes atendendo gestantes porque eu não aguentava vê-las agonizando e os seus bebês desesperados dentro de suas barrigas”, disse a enfermeira.

Mayra também contou a história de sua irmã, que faleceu em fevereiro, vítima da covid, deixando duas crianças recém-nascidas órfãs, além de outras duas filhas. Agora, ela é a responsável pelas crianças: as duas meninas de 15 e 9 anos e o casal de gêmeos, que completou um ano recentemente. Segundo a enfermeira, na tentativa de salvar a irmã, a família teve que se juntar para comprar oxigênio, mas os leitos de UTI não estavam disponíveis, impedindo a sequência do tratamento. 
“Eu não consegui nem viver o meu luto, porque dois meses depois eu perdi meu irmão”, disse.
Após a fala da enfermeira, o senador e vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sugeriu que, no relatório final da CPI, houvesse a requisição da apreciação do PL 2.564, citado por Mayra. Ele também pediu a inclusão do projeto de lei que institui política nacional de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (PL 1.529/2020), além do projeto que institui diretrizes básicas para a organização da carreira dos profissionais médicos.
Vacinas
Durante a reunião desta reunião desta segunda-feira, 18, o senador Randolfe também aprovou o requerimento que dá ao Ministério da Saúde um prazo de 24 horas para informar à CPI a quantidade de doses de vacinas que estariam sendo represadas Ministério da Saúde. A informação é de que mais de 25 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 estariam, no momento, represadas nos centros de abastecimento da pasta.

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