Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)AFP
"Temos um delinquente contumaz na Presidência da República! Informo que incluiremos, no relatório da CPI, a fala mentirosa e absurda de Bolsonaro associando a vacina contra a covid-19 à aids", relatou Randolfe em publicação no Twitter.
O parecer final do colegiado, que já propõe o indiciamento do presidente por nove crimes, vai a voto nesta terça-feira, 26. A CPI também pode recomendar às redes sociais que suspendam ou façam o banimento das contas do presidente. Neste domingo, Facebook e Instagram retiraram do ar a live em que Bolsonaro deu a informação falsa.
Na noite da última quinta-feira, 21, durante a transmissão semanal, Bolsonaro chegou a reconhecer a possibilidade de ter sua transmissão cancelada pelas redes sociais. "Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto", disse o presidente. "Não vou ler para vocês a matéria porque posso ter problema com a minha live, não quero que caia."
Novas regras
Segundo Lira, o episódio é "mais um motivo para acelerar na Câmara o grupo que trata de gestão dos meios eletrônicos com relação a fake news". O presidente da Câmara disse que teve reunião na semana passada com o relator do projeto de lei das fake news, Orlando Silva (PCdoB-SP), e que voltará a tratar do assunto brevemente.A intenção, segundo Lira, é ver se o texto está a contento e votar, para "ter um regramento principalmente nas bases de veículos de comunicação como Facebook, Instagram, Twitter, e todos os meios necessários para a contenção de matérias como essa".
Justificativa
A síndrome de imunodeficiência adquirida (aids) é causada pelo vírus HIV e não tem relação com a covid. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, recomenda a vacinação de pessoas que tenham aids. Nesta segunda, Bolsonaro atribuiu a informação à revista Exame, mas novamente tirou de contexto a publicação original da revista, que é de quase um ano atrás.
A fala de Bolsonaro foi desmentida por especialistas ao longo do final de semana. "Não existe nenhuma possibilidade de vacina causar aids. Zero. Qualquer que seja a vacina. É isso que precisa ser divulgado de forma clara e direta", esclareceu o médico sanitarista Daniel Dourado.
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