Roberto JeffersonValter Campanato/Agência Brasil

Brasília - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira, 13 que a Polícia Federal tome os depoimentos de 14 pessoas que estiveram com o ex-deputado federal Roberto Jefferson durante a internação dele em um hospital do Rio de Janeiro entre 13 e 14 de outubro. Na época em que o presidente afastado do PTB teria gravado um vídeo proferindo ofensas ao magistrado. 
De acordo com informações do Globo, Moraes, que deu 15 dias para que as oitivas sejam realizadas, acolheu um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a oitiva dos visitantes e funcionários do hospital que estiveram em contato com Jefferson.
O despacho é da subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, braço-direito do procurador-geral da República, Augusto Aras. Segundo Lindôra, "é indispensável a oitiva das pessoas que tiveram contato" com Jefferson para possibilitar a "identificação do(s) responsável(is) por sua divulgação".

Na lista das pessoas que devem ser ouvidas pela PF estão a esposa de Jefferson, Ana Lúcia Novaes, o advogado dele, Luiz Gustavo Cunha, e outras pessoas entre visitantes, seguranças da unidade hospitalar e enfermeiros.

Na gravação, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que "ora" "em desfavor do Xandão”, termo usado por Jefferson para se referir ao ministro do STF. Segundo o próprio ex-deputado, o vídeo foi produzido dentro das dependências do hospital.

Ao responder a um pedido de explicações de Moraes, Jefferson fez uma provocação ao magistrado ao dizer que produziu o material para tratar da "maldição sobre os ímpios e perversos".

Em resposta a questionamentos feitos por Moraes, o hospital Samaritano informou que custeou um posto de vigilância privada, 24 horas por dia, em frente ao quarto do ex-deputado durante todo o período de internação dele, "ante a completa ausência de escolta da Polícia Federal". Já a PF disse não ter identificado a necessidade de vigilância pelo fato de Jefferson usar tornozeleira eletrônica.

No mês passado, Moraes decidiu afastar o ex-deputado da presidência do PTB. O ministro entendeu que ele utilizava perfis em redes sociais e contas do partido para continuar incitando a violência, inclusive contra integrantes do Supremo, além de atacar instituições democráticas e espalhar notícias falsas.
“Não há que se falar, como quer a Defesa, na impossibilidade de cumulação da medida cautelar de afastamento do exercício da função de Presidente do PTB com a manutenção da prisão preventiva”, disse.

Moraes disse ainda que o afastamento de Jefferson do comando do PTB se justifica porque no cargo ele "poderia dificultar a colheita de provas e obstruir a instrução criminal, direta ou indiretamente por meio da destruição de provas e de intimidação a outros prestadores de serviço e/ou integrantes do PTB".