Mais uma vez, Bolsonaro coloca em dúvida segurança da urna eletrônicaReprodução

Brasília - Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida a segurança do voto através das urnas eletrônicas. Em uma live transmitida em suas redes sociais na noite desta quinta-feira, 10, o chefe do Executivo afirmou que as Forças Armadas encontraram uma "dezena de vulnerabilidades" nos aparelhos, mas não informou quais seriam elas e ainda cobrou respostas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a afirmação. 
“O pessoal do Exército, nosso pessoal da guerra cibernética, buscou, a convite, o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades para ajudar o TSE. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades, foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas – porque afinal de contas, o TSE pode ser que esteja com a razão. Pode ser, por que não?”, disse o presidente. 
Na sequência, o presidente afirmou sobre o silêncio diante do fim do prazo para administração checar aparelhos. “Passou o prazo que a administração diz, 30 dias, ficou um silêncio. Foi reiterado, o prazo se esgotou no dia de hoje, tá certo?. Isso está nas mãos do ministro Braga Netto [Defesa] para tratar desse assunto. E ele está tratando desse assunto e vai com toda certeza entrar em contato com o presidente do TSE para ver se o atraso foi em função do recesso, se a documentação vai chegar. E as Forças Armadas vão analisar e vão dar uma resposta", disse ele. 
Após o discurso feito pelo presidente durante a live, a Corte Eleitoral se manifestou na manhã desta sexta-feira e disse que o pedido de informações das Forças Armadas "apresentam perguntas técnicas sobre funcionamento do sistema eleitoral" e "não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades".
"O pedido do representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral foi protocolado próximo do recesso, quando os profissionais das áreas técnicas fazem uma pausa. Após este período, o conteúdo começou a ser elaborado e será encaminhado nos próximos dias", disse, em nota.
No texto, o TSE disse que o pedido são dezenas de perguntas de natureza técnica, com certo grau de complexidade. O tribunal afirma que tudo está sendo respondido, como foi devidamente comunicado ao referido representante.
"Cabe destacar que são apenas pedidos de informações, para compreender o funcionamento do sistema eletrônico de votação, sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades. As declarações que têm sido veiculadas não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido", informou. 
Ainda na live, Bolsonaro disse que todos os brasileiros querem "eleições limpas, transparentes e que possam ser auditadas" e contagem pública de votos.

No entanto, cabe esclarecer que as urnas eletrônicas são auditáveis e o processo é realizado durante a votação. No dia anterior a votação, há o procedimento de auditoria de funcionamento das urnas, com sorteio de aparelhos já instalados nas zonas eleitorais para participarem desse processo de averiguação.
Em uma derrota ao presidente Bolsonaro, em agosto do ano passado, a Câmara dos Deputados rejeitou o projeto que aprovaria o voto impresso nas eleições. Nesse cenário de desconfiança por parte do chefe do Executivo e de seu governo, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, criou uma comissão de transparência das eleições e as Forças Armadas foram convidadas a participar do grupo.