No último ano de mandato, Eduardo Leite ainda não decidiu se concorrerá a reeleição para seguir no Palácio PiratiniFelipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Porto Alegre - Dois meses após ser derrotado nas prévias do PSDB para a escolha do pré-candidato do partido à Presidência da República, o governador gaúcho Eduardo Leite agora cogita disputar a reeleição no Rio Grande do Sul e até mesmo deixar a legenda para tentar virar presidenciável pelo PSD.

A mudança de discurso foi tornada pública no sábado, dia, quando o gaúcho acenou à possibilidade de concorrer ao cargo novamente no Estado para, segundo ele, não deixar a gestão gaúcha "à deriva" de candidaturas que classificou como "populistas". Em evento com militantes do partido, o tucano afirmou que vai participar das eleições como uma "liderança ativa", sem descartar enfaticamente uma eventual disputa pela renovação de seu mandato.

"Não vou me omitir nesse processo eleitoral. Não sei se será como candidato, mas vou participar como liderança ativa", disse o governador. Durante sua gestão no Palácio Piratini, Leite assumiu o compromisso de não tentar uma recondução ao cargo. No ninho tucano, ele tem recebido apelos para mudar de ideia, dado que uma eventual candidatura ao Planalto pelo partido ficou mais distante após sua derrota nas prévias.

Nesta segunda-feira, o gaúcho afirmou que mantém seu posicionamento, mas disse ficar "envaidecido" pelo apelo interno de seu partido para que ele reconsidere a possibilidade. Novamente, o governador não descartou ser candidato. "Me sensibilizam os apelos que têm sido feitos. Se tivermos a condição de passar o bastão, é como eu prefiro (...), mas também tenho a convicção de que não podemos perder a continuidade desse trabalho". As declarações foram feitas à Rádio Bandeirantes.

Ainda sobre o jogo eleitoral deste ano, Leite confirmou que mantém diálogo com o PSD, legenda pela qual é cortejado para disputar a Presidência. Derrotado por João Doria nas prévias do PSDB, migrar para a sigla de Gilberto Kassab seria uma alternativa para reter o plano original de disputar o Executivo federal.

Em entrevista ao Estadão em novembro, Leite sublinhou que não se via deixando o PSDB após a derrota nas prévias. Hoje, o gaúcho disse ter "boas conversas" com Kassab, embora ainda incipientes, e afirmou que tem novos encontros marcados para discutir uma candidatura com o dirigente. "Tem que ser tarefa de todos nós ajudar a construir uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro".

O governador também fez críticas à pré-candidatura de Doria para a Presidência e classificou como "preocupante" o fato de o tucano não estar crescendo nas pesquisas. Leite negou que haja uma conspiração contra o paulista na legenda, mas disse considerar válido questionar a viabilidade eleitoral do escolhido para a disputa.
Questionado se a derrota nas prévias é o que motiva sua possível candidatura à reeleição, dado que afastou sua chance de tentar o Planalto, o gaúcho reiterou que ainda não se comprometeu a tentar renovar o mandato, mas, outra vez, não negou a possibilidade.