Presidentes querem diversificação da pauta do comércio bilateral, com maior participação de mercadorias de alto valor agregadoAlan Santos

Rússia - Após o encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Vladimir Putin no Kremlin, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota oficial das falas dos dois. Segundo o Itamaraty, os dois líderes destacaram a necessidade de se manter a cooperação no setor do agronegócio. O encontro aconteceu em meio à crise dos fertilizantes, com a Rússia apertando a oferta do insumo essencial para as lavouras brasileiras.
"As partes sublinharam a importância da continuada interação entre as agências regulatórias do Brasil e da Rússia para ampliar o acesso aos mercados dos dois países, inclusive por meio da expansão do número de estabelecimentos habilitados a exportar produtos de natureza animal e vegetal, inclusive pescado", disse um trecho do texto.

Embora o texto tenha frisado sobre a continuidade do apoio no agronegócio, a nota não citou qualquer acordo bilateral no setor. No texto, o ministério apenas disse que Bolsonaro e Putin constataram "com satisfação o aumento do fornecimento de fertilizantes russos ao Brasil".
Descrita no texto como uma reunião feita em atmosfera de cordialidade e confiança mútua, os presidentes dialogaram sobre diversificação da pauta do comércio bilateral, com maior participação de mercadorias de alto valor agregado. Eles saudaram o dinamismo da cooperação bilateral nas áreas de agricultura, energia, meio ambiente, defesa, ciência e tecnologia, educação e cultura.

"Os Chefes de Estado saudaram a retomada do comércio bilateral ao patamar anterior à pandemia e reiteraram o interesse mútuo na ampliação e diversificação da pauta de comércio bilateral, com maior participação de mercadorias de alto valor agregado, e da cooperação econômica. As partes reafirmaram o compromisso de cooperar para o equilíbrio da balança comercial", afirmou outro trecho. 
Os presidentes também elogiaram a cooperação entre as agências alfandegárias do Brasil e da Rússia, que, segundo eles, visa a simplificar os procedimentos aduaneiros e garantir a segurança do comércio bilateral.
Em outro momento do encontro entre os presidentes, os Chefes de Estado falaram sobre o fortalecimento da parceria estratégica, ampliação do diálogo político e elevação do relacionamento bilateral. "Com base nos princípios compartilhados de respeito à soberania, ao direito internacional e ao Estado de Direito. Reafirmaram o compromisso em promover um sistema internacional inclusivo, equitativo e representativo, de acordo com os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas, voltado à promoção da paz, da democracia e da prosperidade para todos", disse a nota.
O presidente Bolsonaro agradeceu Putin pelo apoio russo ao Brasil como forte candidato, que foi eleito para assento não-permanente no CSNU, no biênio 2022-2023. O presidente russo afirmou ser a favor de uma cadeira fixa no órgão. 
No momento em que a Rússia vive tensões com a Ucrânia, os chefes de Estado expressaram preocupação com o aumento da instabilidade em diferentes partes do mundo, coincidindo na necessidade de que os conflitos sejam solucionados por meios pacíficos e pelo engajamento diplomático, em conformidade com o direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas.
Para Bolsonaro e Putin, o G-20 deve ter papel central na cooperação econômica internacional e a Organização Mundial do Comércio (OMC) deve ser fortalecida, diz o Itamaraty. "Os presidentes encorajaram o diálogo entre o Mercosul e a União Econômica Euroasiática", acrescentou o texto.
Visita de Putin

O comunicado oficial do encontro entre os presidentes Bolsonaro e Putin disse que o russo aceitou o convite do brasileiro para visitar o País, em data ainda a combinar.

"O Presidente Jair Bolsonaro agradeceu a hospitalidade da parte russa durante a sua estada em Moscou e convidou o Presidente Vladimir Putin a realizar visita ao Brasil. O convite foi aceito com satisfação. As datas da visita serão acordadas pelos canais diplomáticos", disse o texto.

Bolsonaro realiza visita oficial a Moscou e deve viajar nesta quinta-feira, 17, para Budapeste, capital da Hungria, para agenda com o primeiro-ministro Viktor Orbán, considerado um nacionalista de extrema-direita.