Jair BolsonaroAlan Santos
Bolsonaro ataca STF, diz que passaporte vacinal é inadmissível e volta a questionar processo eleitoral
Presidente usou o evento de lançamento da Carteira de Identidade Nacional para mandar recados para os ministros do STF e atacar governos por medidas restritivas contra a covid
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o evento de lançamento da Carteira de Identidade Nacional nesta quarta-feira, 23, para mandar recados para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e atacar governos estaduais e municipais por medidas restritivas contra a covid-19. O presidente também se pronunciou contra a criação de um passaporte vacinal e voltou a duvidar do processo eleitoral brasileiro.
O mandatário disse durante o evento que é "inadmissível o cidadão ser ameaçado ou preso" por expressar opiniões. Na ocasião, o presidente lembrou o caso do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que foi detido após defender em vídeo o Ato Institucional nº 5 (AI-5), além de ter feito ameaças à ministros do Supremo. Em novembro do ano passado, a prisão foi revogada
"Geralmente quem busca tolher a liberdade e impor um regime de força no país, é o chefe do Executivo, mas aqui é exatamente o contrário. É o chefe do Executivo que resiste às agências de checagens, às arbitrariedades estapafúrdias", declarou Bolsonaro.
O presidente também disse que "não cederá" a duas ou três autoridades para "relativizar a nossa liberdade". "Não é que nós vamos resistir, mas é que nós não vamos perder essa guerra", disse.
Ele também voltou a se declarar contra o chamado passaporte vacinal. "É inadmissível falar em passaporte vacinal. Cadê a liberdade? É inadmissível o estado obrigar um menor a fazer algo que seu pai ou sua mãe não queiram", declarou.
Durante o discurso, o presidente também atacou gestores estaduais e municipais por medidas restritivas em relação ao comércio e pelos decretos de isolamento social contra a covid-19. "Hoje os estudos já demonstram, mais uma vez, que eu estava com a razão: lockdown não salvou vidas", disse Bolsonaro.
O mandatário também criticou governos passados, em especial, os governos do PT. Sem dar explicações sobre os números, o presidente afirmou que foram esses governos que teriam gerado "mal feitos de até R$ 1,4 trilhão".
"Só o endividamento da Petrobras, com projetos mal feitos, corrupção, foi na casa de R$ 900 bilhões entre 2003 e 2015. O mesmo no BNDES, R$ 500 bilhões em corrupção. Olha como era administrado o nosso Brasil", declarou.
O presidente também voltou a questionar o processo eleitoral brasileiro e falar sobre o voto impresso. "A alma da democracia está no voto, o seu João e a dona Maria têm direito de saber se o voto foi contado. Quem não quer lisura no processo eleitoral?", disse.
Nova carteira de identidade
A nova documentação individual terá uma identificação única para todo o território por meio do CPF. O decreto assinado nesta quarta-feira, 23, pelo presidente só entrará em vigor em março e obrigará os institutos de identificação de cada estado a se adequarem às mudanças em até um ano.
Projeto foi provado pelo Congresso em 2017, depois de ser enviado ao parlamento pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015.
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