Em nova pesquisa, Lula aparece com 40% e Bolsonaro 30%; Moro tem 7% Reprodução

A alta dos combustíveis tornou-se motivo para mais um embate entre os pré-candidatos à presidência da República nas redes sociais. Após a Petrobras anunciar um reajuste significativo dos preços, os presidenciáveis trocaram acusações sobre a responsabilidade do aumento, enquanto o entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou a mudança do cálculo do ICMS, aprovada no Senado nesta quinta-feira, 10, tentando reforçar a interpretação de que a escalada dos preços se devia majoritariamente aos governos estaduais.

O aumento nas refinarias de 24,9% no preço do óleo diesel, de 18,7% da gasolina e de 16% do gás de botijão, válido a partir desta sexta-feira, 11, deverá aumentar entre 0,5 e 0,6 ponto porcentual a inflação oficial do País, que, no ano, deve passar da casa de 6%, de acordo com cálculos de economistas, como mostrou o Estadão.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ao Twitter argumentar que a gasolina está cara porque a BR Distribuidora foi privatizada. Segundo ele, o País seria autossuficiente para produzir o combustível, logo, estaria sendo prejudicado pela importação. "Agora você tem empresas importando gasolina dos Estados Unidos em dólar enquanto temos auto suficiência (sic) e produzimos petróleo em reais", publicou.

O presidenciável Felipe d'Avila (Novo) deu destaque à postagem do petista em seus perfis e escreveu: "um tweet, quatro mentiras". Ele rebateu o argumento de Lula afirmando que a distribuidora era "saqueada" durante os governos do PT. Também disse que o País importa combustível por não ter capacidade de refinar todo o volume que extrai nacionalmente. Ainda segundo o pré-candidato, o fato de a cadeia do petróleo ser global faz com que seja falso dizer que se "produz em reais".

Em resposta à mesma publicação de Lula, o presidenciável Sergio Moro (Podemos) levantou o tema do combate à corrupção, sua principal bandeira na política. "Sabe por que a Petrobras ainda existe, Lula? Porque a Lava Jato impediu que o governo do PT continuasse saqueando e desviando recursos da maior estatal do Brasil", escreveu o ex-ministro.

Quanto ao aumento dos preços, Moro propôs que o país estimule a produção de energias renováveis, "com foco em energia eólica, solar, etanol e hidrogênio verde". O mesmo modelo é defendido por d'Avila, que já disse em entrevistas que o Brasil deveria deixar de priorizar os combustíveis fósseis.

"Enquanto isso todos brasileiros sofrem, mesmo vivendo num país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e vendo concessionárias da Petrobras vendidas a preço de banana", publicou em sua rede social o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, logo após o anúncio do aumento. "Até quando vamos suportar este absurdo?" Declaradamente contrário à privatização, o pedetista ainda criticou os "bônus milionários" dos "barões acionistas" da empresa.

No entorno de Bolsonaro, o esforço foi para jogar a conta no colo dos governadores. O chefe do Executivo já afirmou, em outras ocasiões, que o culpado pelo alto preço da gasolina é o ICMS, tributo arrecadado pelos Estados. Ontem, foi aprovado o projeto que muda o cálculo da tributação, fazendo com que o imposto passe a ser cobrado sobre o litro de combustível, e não mais sobre o preço final do produto. O texto era apoiado pela equipe econômica do governo.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) comemorou a decisão, alegando que a mudança faria o "povo pagar mais barato", e usou a ocasião para criticar governadores que não querem abrir mão da arrecadação em ano eleitoral. "Governadores demonstram não estarem muito preocupados com o povo, mas com outras prioridades", publicou.

Na mais recente transmissão da sua tradicional live às quintas-feiras, o presidente Bolsonaro reconheceu que o preço dos combustíveis está alto e lamentou que "muitos caminhoneiros" podem parar por conta disso. Entretanto, o presidente reforçou que o descontentamento dos motoristas, segundo ele, se deve à "carga tributária" sobre o produto.

"O Senado hoje já fez sua parte, a Câmara deve fazer também, e a gente vai tirar o impacto de 60 centavos por litro. É muito dinheiro", afirmou. Depois, ao fazer um cálculo da economia para uma viagem de Brasília a São Paulo, o mandatário disse que o impacto seria de 90 centavos, não 60, por litro. Bolsonaro ainda argumentou que, sem o aumento de preços dos combustíveis (após congelamento de 57 dias) poderia haver desabastecimento no país: "É pior. Alguns querem que eu vá à Petrobras e dê murro na mesa, não é assim".
A política de preços e o destino da própria Petrobras têm mobilizado a pré-campanha. Lula destaca que não pretende privatizar a empresa e que deve derrubar a dolarização e vinculação ao mercado internacional. Pré-candidato do PDT, Ciro Gomes vai na mesma linha. Já Moro e o presidenciável do PSDB, João Doria, têm debatido o modelo de privatização.
Nesta sexta-feira, o presidente voltou a comentar sobre aprovação do projeto e ainda prometeu sancionar o projeto "logo mais".
"Eu quero cumprimentar o Senado Federal e a Câmara dos Deputados pela aprovação de projeto que visa, na prática, suavizar o aumento no óleo diesel no dia de ontem", disse o presidente nesta sexta-feira (11) na cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, ocorrida no Palácio do Planalto. "Governo entra aproximadamente com R$ 0,30, os governadores também com R$ 0,30 e o contribuinte fica com os outros R$ 0,30. Então, logo mais, estarei sancionando esse projeto e o reajuste anunciado pela Petrobras no dia de ontem, a vigorar a partir de hoje, ao invés de R$ 0,90 passa para R$ 0,30 na bomba", acrescentou.
Bolsonaro ainda voltou a criticar a Petrobras por não ter esperado a votação do pacote dos combustíveis no Congresso para anunciar o reajuste, como fez na "live" semanal ontem. "Eu lamento apenas a Petrobras não ter esperado um dia a mais para anunciar esse reajuste", disparou, no evento.

Sobre o Plano de Fertilizantes, que visa diminuir a dependência brasileira do mercado externo para o insumo, o presidente limitou-se a dizer que a estratégia, cobrada por setores do agronegócio há anos, veio de forma tardia, mas veio.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 11, que a aprovação de projetos que trazem redução de tributos sobre combustíveis permitirá ao Brasil absorver os "primeiros choques" da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Durante evento do Plano Nacional de Fertilizantes, Guedes afirmou que, quando o Brasil havia se levantado da pandemia, foi impactado pelo conflito no Leste Europeu. "Com projetos de combustíveis, amenizamos o primeiro choque. É uma guerra, sofremos impacto. O Brasil vai crescer. O mundo inteiro vai sofrer, mas já estamos reagindo", afirmou.

Guedes também disse que o governo está junto no enfrentamento da crise. "De vez em quando sai empurrão no governo, mas é 1% de empurrão e 99% de cooperação", garantiu.

Em uma crítica a governos passados, o ministro afirmou que não existe ministro do Planejamento que vai salvar Brasil e que, nas ocasiões em que houve o cargo, o Brasil cresceu menos. "Quem sabe acabando com Ministério do Planejamento, começamos a crescer agora 3%, 4%, 5% outra vez", provocou.

Projeto contestado

O presidente também voltou a defender a aprovação do projeto de lei, em tramitação no Congresso, que autoriza a exploração mineral em terras indígenas. "Creio que daqui a poucas semanas ele será votado e aprovado na Câmara, seguirá então para Senado", apostou. "Clima cada vez mais se apresenta propício", seguiu Bolsonaro. De acordo com ele, os indígenas "são quase como nós" e "querem se integrar à sociedade".

Aposta do governo para supostamente ampliar a produção de fertilizantes no país com extração de potássio, o PL já teve a urgência aprovada na Câmara, mas é contestado por especialistas. Além disso, como mostrou o Estadão, a maioria das fontes de potássio não está em terras indígenas.