Paulo Vaz era policial civil, influenciador digital e ativista transReprodução/Instagram

São Paulo - O policial civil, influenciador digital e ativista trans Paulo Vaz, conhecido como Popó Vaz, de 37 anos, foi encontrado morto nesta segunda-feira, 14, em São Paulo. A causa do óbito não foi informada. Nas redes sociais, o influencer falava sobre temáticas da comunidade trans. Ele era casado com o criador do canal Põe na Roda, Pedro HMC, desde 2019.
A morte foi divulgada pelo perfil da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). "Paulo era querido e amado por todas a sua volta. Ativista engajado e dedicado a luta trans, sempre fez questão de construir pontes, atuar no enfrentamento da transfobia e em defesa das pessoas transmasculinas", escreveu a entidade nas redes sociais.
"Homem trans gay, policial civil, sempre abordava questões sobre sexualidade e gênero de forma leve e descontraída. Era uma alma doce e um coração lindo demais. Foi protagonista de uma de nossas campanhas pelo dia da visibilidade trans. Além de fazer diversas publicidades e participações em mídias e televisão sobre a visibilidade transmasculina", acrescentou a Antra na publicação.
 
 
 
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O jornalista Fernando Oliveira, o Fefito, amigo de Popó Vaz, postou um texto em homenagem a ele. "Às vezes a gente convive com pessoas incríveis e não se dá conta de quão incríveis elas são. Popó não era só um amigo. Era um herói. Quantos homens trans na polícia você conhece? Tudo o que o Popó tocava era transformado. Tanta gente se encorajou a partir da história dele. Tanta gente ficou feliz com o sorriso dele, com o sotaque mineirin gostoso, com o forrozin dançado apertado, com o jeito com que ele agregava as melhores pessoas. Ao redor do Popó era impossível não ficar feliz e cremosinho, como ele dizia", lembrou.
 
O Grupo Arco-Íris lamentou a partida precoce do influenciador digital. "A causa da morte ainda não foi confirmada, mas traz um alerta para a necessidade de cuidarmos mais da saúde mental de LGBTI+, em especial de pessoas trans. Toda nossa solidariedade a parentes e amigos, e em especial ao @hmcpedro. Que você tenha força nessa hora, guarde sempre com amor as lembranças do Popó e continue sua jornada trazendo informação e alegria para nossa comunidade", disse em comunicado.
"Acabo de receber a notícia do falecimento do Paulo Vaz e estou devastada. Ele era muito querido e é uma tristeza que tenha nos deixado. Desejo muita força e solidariedade pra toda a família e a todes nesse momento", escreveu a vereadora de São Paulo, Erika Hilton nas redes sociais.
"Que tristeza receber a notícia da ida do Popó Vaz. Meus sentimentos pra família e pros amigos. Vai fazer muita falta aqui. Um cara queridíssimo e muito fofo, cheio de amor. Sinto muitíssimo", tuítou a influenciadora Maíra Medeiros.
Carreira na Polícia Civil
Paulo Vaz trabalhava como investigador da Polícia Civil desde abril de 2018, na região da Grande São Paulo. Ele ficou conhecido como um dos poucos homens transexuais a atuar na corporação no país. Em 2018, o agente deu apoio ao policial militar Leandro Prior, que foi alvo de ataques homofóbicos após ser gravado beijando outro homem na boca no Metrô de São Paulo. 
Procurada por O DIA, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso foi registrado como morte suspeita pelo 77º DP e é investigado. "A autoridade policial solicitou perícia ao local e exames à vítima para confirmar a causa da morte. Diligências estão em andamento visando ao esclarecimento dos fatos. Mais detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", disse em nota.