Vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), chama golpe que instituiu ditadura militar de 'revolução democrática de 1964'Marcelo Camargo/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), chamou o golpe que instaurou a ditadura militar de 1964 de “revolução democrática de 1964”. A declaração foi feita nesta terça-feira (19) em uma publicação no Twitter para comemorar o Dia do Exército.

“O Exército, com uma história de vitórias, desde Guararapes, quando índios, brancos e negros combateram os holandeses, passando pela Guerra do Paraguai, 2ª GM e pela Revolução Democrática de 1964 até os dias atuais, preserva a soberania e contribui com o Brasil. Parabéns ao EB!”, escreveu o vice-presidente.

Em resposta à publicação, alguns usuários da rede social apoiaram Mourão, enquanto outros lembraram que a ditadura foi um período marcado pela tortura, assunto que voltou ao debate público nesta semana com a divulgação dos áudios das sessões do Supremo Tribunal Militar (STM) entre o período de 1975 e 1985.

As gravações divulgadas pela coluna da jornalista Miriam Leitão,do jornal O Globo, no domingo (17), revelam vários casos chocantes, como o de uma mulher que sofreu um aborto após sessões de tortura e o de um homem que levou marteladas para confessar um crime.

Por conta do conteúdo, jornalistas questionaram Mourão nesta segunda-feira (18) se os crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura seriam investigados. O vice-presidente, no entanto, respondeu com ironia e risadas. "Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. (sic) Vai trazer os caras do túmulo de volta?", disse Mourão rindo.

Segundo o vice-presidente, a tortura é passado. "Isso é história, já passou. É a mesma coisa de voltar para a ditadura do Getúlio. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente. É passado. Faz parte da história do país", declarou.

Mourão ainda minimizou a questão, afirmando que a história sempre tem dois lados. "Houve excessos: Houve excessos, de parte a parte. Não vamos esquecer o tenente Alberto, da PM de SP, morto a coronhadas pelo Lamarca e os facínoras dele", disse o vice-presidente.

Exército em 2016
Também nesta terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o comando do Exército “marcou a história” em 2016, mesmo ano do impeachment de Dilma Rousseff (PT). O chefe do Executivo não chegou a explicar ao que se referia exatamente.

"Em 2016, em mais outro momento difícil da nossa nação, a participação do então comandante do Exército Villas Bôas marcou a nossa história", afirmou o presidente.

Na ocasião em que Dilma foi afastada, o comandante do Exército era o general Eduardo Villas Bôas, que tinha trânsito na política. O ex-presidente Michel Temer (MDB), que chegou ao cargo com a cassação da petista, procurou Villas Bôas antes de assumir.