Arquiteta fala em 'bolsa móveis para obra em escritório de Jair RenanReprodução/Twitter
Arquiteta de Jair Renan procurou empresários para bancar reforma e PF investiga tráfico de influência
Polícia Federal analisa mensagens de celular envolvendo negócio do filho Zero Quatro do presidente em investigação sobre suspeita de tráfico de influência
Brasília - Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que empresários foram procurados para pagar obras de uma reforma em uma sala comercial de Jair Renan, filho do presidente Jair Bolsonaro. Em conversas, a arquiteta responsável pela obra chegou a ironizar a busca por patrocinadores e disse que pediriam "bolsa móveis e bolsa reforma".
A PF investiga agora se, em troca de patrocínios para a obra, Jair Renan teria atuado para intermediar contatos com o governo federal. Pelas supostas atitudes, Jair Renan poderia ser enquadrado no crime de tráfico de influência.
A PF teve acesso a diálogos do WhatsApp entre a arquiteta Tânia Fernandes e o personal trainer Allan de Lucena, amigo Jair Renan e responsável por ajudar na montagem de uma empresa de eventos.
Em uma das conversas, Allan disse a Tânia: "Estamos indo já em um patrocinador". Ela respondeu: "Oba, preciso de todos os patrocinadores. Veja as cotas para patrocinar a execução".
No diálogo, Allan disse ainda que quando o orçamento da reforma estivesse finalizado seria mais fácil montar as cotas de patrocínio para oferecer aos empresários. "Cota eletrônicos. Cota móveis. Cota reforma. Kkkkkk", escreveu ele.
Uma das empresas apontadas como patrocinadoras do projeto de Renan recebeu, desde 2019, R$ 25,4 milhões em contratos para o fornecimento de móveis como poltronas, cadeiras e mesas de escritório ao governo federal.
A PF ainda obteve indícios de que os responsáveis pela reforma buscaram ocultar o nome de Jair Renan no negócio. Além disso, as negociações ainda envolveriam o pagamento por fora, sem nota fiscal, com o objetivo de 'driblar' os impostos devidos.
Os indícios obtidos pela PF apontam que um dos empresários que se comprometeu a custear a obra foi Luís Felipe Belmonte, um dos fundadores do Aliança Brasil, partido que seria criado para abrigar o presidente Jair Bolsonaro mas não saiu do papel.
Procurada, Tânia Fernandes não quis se manifestar a respeito dos diálogos. Já Allan de Lucena afirmou que não iria se manifestar sobre o assunto.