Ex-presidente LulaReprodução/Redes Sociais
Ainda que indiretamente, foi a primeira vez que o ex-presidente se referiu ao perdão decretado por Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8 anos e 9 meses de prisão. Lula vinha sendo questionado por rivais sobre seu silêncio a respeito do tema.
Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo impôs uma série de sigilos de cem anos sobre informações relativas a temas polêmicos para o Executivo. Foi o caso do segredo determinado sobre os encontros entre o presidente e os pastores lobistas do Ministério da Educação (MEC), Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de pedirem propina para liberar recursos às prefeituras.
Outro exemplo foi o sigilo de cem anos determinado sobre a carteira de vacinação de Bolsonaro, que diz não ter se imunizado para a covid-19 e afirma, contrariando autoridades sanitárias nacionais e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que as vacinas contra o coronavírus não têm comprovação científica.
'Rastejante'
Lula declarou também que o presidente é subordinado e rasteja diante do Congresso. "Nunca antes na história do País teve um presidente tão rastejante diante do Congresso Nacional", disse o ex-presidente petista. "Ele (Bolsonaro) não tem força nenhuma. Nem o Orçamento, que é uma coisa do presidente executar, ele não executa, quem executa é o presidente da Câmara, é o presidente do Senado."
Na entrevista a youtubers e integrantes "da mídia independente", na definição da assessoria da pré-campanha, Lula afirmou que a eleição para a Câmara dos Deputados será um dos principais focos de sua estratégia e da federação formada por PT, PV e PC do B. "Não adianta votar em um presidente da República se não votar numa quantidade de deputados que pensam ideologicamente como o presidente".
Teto de gastos e reforma trabalhista
Ao tratar da política econômica de seu eventual governo, Lula voltou a criticar o teto de gastos e a defender uma reforma trabalhista que seja "adaptada" à realidade do mercado de trabalho atual. O ex-presidente atenuou o tom usado até recentemente pelos petistas, que vinham pregando a revogação das mudanças nas leis trabalhistas aprovadas em 2017.
"A gente quer uma mudança na estrutura patrão e empregado em que seja levado em conta os direitos que a sociedade brasileira tem que ter", disse, defendendo ainda a necessidade de criar uma mesa de negociação entre empresários, trabalhadores, governo e universidades para discutir sobre direitos trabalhistas.
O ex-presidente disse não aceitar a lei do teto de gastos: "Essa coisa do teto de gastos, ela foi feita para garantir que os banqueiros tivessem o deles no final do ano. E nós queremos garantir que o povo terá o seu todo dia, todo mês e todos ano. Fazer política social não é gasto, fazer política social é investimento".
Aposentadorias de militares
O ex-presidente criticou o alto custo da aposentadoria de militares ao orçamento brasileiro. De acordo com Lula, o principal entrave à previdência está relacionado às chamadas carreiras de estado, que se aposentam com altos salários.
"Dois terços do orçamento militar é para pagar aposentadoria. Você tem 400 generais na ativa e 13.000 aposentados recebendo salário iguais aos que estão na ativa. Não pode continuar assim. Você mexe nisso com esse Congresso que está aí? Não mexe", disse o petista.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou, em 2019, a reforma da Previdência dos integrantes das Forças Armadas. O texto aprovado teve vantagens em relação à reforma dos trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos.
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