Hamilton Mourão se distância de Bolsonaro ao elogiar presidente ucraniano Volodymyr ZelenskyValter Campanato/ Agência Brasil

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) defendeu nesta quarta-feira, 27, o perdão concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) menos de 24 horas após o parlamentar ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques à democracia e às instituições. "O presidente agiu dentro daquilo que a Constituição lhe faculta", afirmou o vice-presidente a jornalistas no Palácio do Planalto.

Ciente da crise causada pelo indulto na relação entre os poderes, Mourão avaliou que é preciso "manter a calma". "Agora, o Supremo julga aí o que ele achar. Na minha visão, acho que tem que se manter a calma e vamos evitar que algo que é muito pequeno se torne uma onda gigantesca", disse.

No mesmo tom de pacificação, o general evitou reiterar críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que declarou no final de semana que as Forças Armadas estão sendo usadas para desacreditar o sistema eleitoral no Brasil.
"Esse assunto já considero virado. O ministro Barroso fez a observação dele, houve a resposta do Ministério da Defesa, apenas comentei que as Forças Armadas não estão metidas nessa questão, estão fora", afirmou Mourão.

Na segunda-feira, 25, em entrevista à Gaúcha Zero Hora, o general da reserva reagiu a Barroso e disse que as Forças Armadas não eram crianças para receber orientações. "O ministro sabe da minha posição. Tá encerrada. Aquilo que eu falei, temos que manter a calma, vamos evitar que as coisas pequenas se transformem num tsunami", acrescentou o vice-presidente há pouco.

Aos jornalistas no Planalto, Mourão ainda minimizou as tensões entre Bolsonaro e o presidente reeleito da França, Emmanuel Macron, e seus impactos para os dois países.
"Não acho que a relação entre a França e o Brasil seja uma relação ruim, né? Você pode até dizer que não temos amizade entre os mandatários. Ok. Mas a França tem 'ene' interesses aqui no Brasil. Acho que os interesses de ambos os países estão acima das vontades pessoais de cada um", disse.

O vice-presidente também revelou que vai viajar para o Uruguai na semana que vem, enquanto Bolsonaro estiver na Guiana. Como mostrou reportagem do Broadcast Político, o vice-presidente não pode assumir o comando do País até as eleições, ou fica impedido pela lei eleitoral de disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul. Por isso, toda vez que Bolsonaro se ausentar da Presidência, Mourão terá de viajar.