Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (27) que as Forças Armadas sugeriram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que os militares façam uma contagem paralela dos votos nas eleições deste ano.
O presidente disse que uma das propostas das Forças Armadas para as eleições é um computador próprio para receber os votos com o objetivo de que os militares façam essa apuração própria. Com esse equipamento, a proposta é fazer a instalação de um "cabo" ou "duto" paralelo para que os dados da votação sejam encaminhados para um computador específico das Forças Armadas.
"Uma das sugestões é que, [com] esse mesmo duto que alimenta na sala secreta os computadores, seja feita uma ramificação um pouquinho à direita para que tenhamos do lado um computador também das Forças Armadas para contar os votos no Brasil”, disse ele.
Segundo Bolsonaro, os votos das eleições são apurados em uma "sala secreta" do TSE, que no local “meia dúzia de técnicos dizem ali no final: 'Olha, quem ganhou foi esse'". No ano passado, o tribunal já havia informado que os votos não são apurados de forma secreta em uma sala do órgão.
O presidente afirmou esperar que "nos próximos dias" o TSE responda a sugestão dos militares. "A gente espera que nos próximos dias o nosso Tribunal Superior Eleitoral dê uma resposta às sugestões das Forças Armadas — porque eles nos convidaram, e nós aceitamos. Estamos colaborando com o que há de melhor entre nós, e essas sugestões todas foram técnicas. Não se fala ali em voto impresso. Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições. Mas precisamos de ter uma maneira — e ali nessas nove sugestões existe essa maneira — para a gente confiar nas eleições", disse Bolsonaro.
No entanto, é válido lembrar que, em agosto do ano passado, o TSE pediu que o Ministério da Defesa indicasse um representante das Forças Armadas para fazer parte da comissão de transparência das eleições.
Descrédito ao sistema eleitoral
Constantemente, o presidente coloca em descrédito o sistema eleitoral e a confiabilidade das urnas eletrônicas. Em fevereiro, Bolsonaro disse que os militares identificaram "diversas vulnerabilidades" nas urnas eletrônicas, mas não informou quais seriam elas e ainda cobrou respostas do TSE sobre a afirmação.
“O pessoal do Exército, nosso pessoal da guerra cibernética, buscou, a convite, o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades para ajudar o TSE. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades, foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas – porque afinal de contas, o TSE pode ser que esteja com a razão. Pode ser, por que não?”, disse o presidente.
Na sequência, o presidente afirmou sobre o silêncio diante do fim do prazo para administração checar aparelhos. “Passou o prazo que a administração diz, 30 dias, ficou um silêncio. Foi reiterado, o prazo se esgotou no dia de hoje, tá certo?. Isso está nas mãos do ministro Braga Netto [Defesa] para tratar desse assunto. E ele está tratando desse assunto e vai com toda certeza entrar em contato com o presidente do TSE para ver se o atraso foi em função do recesso, se a documentação vai chegar. E as Forças Armadas vão analisar e vão dar uma resposta", disse ele.
No entanto, o TSE divulgou a lista de perguntas elaboradas pelas Forças Armadas sobre o processo eleitoral. Os documentos deveriam permanecer sob sigilo, mas diante dos vazamentos parciais, Corte decidiu divulgar o conteúdo na íntegra.
"A decisão de divulgação do material foi tomada em conjunto pelo [então presidente], ministro Luís Roberto Barroso, e pelos futuros presidentes, Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, levando em conta que as informações prestadas às Forças Armadas a respeito do processo eletrônico de votação são de interesse público e não impactam a segurança cibernética da Justiça Eleitoral", reforçou o TSE.
Entre as mais de 70 indagações, os militares questionaram o órgão a respeito da possibilidade das urnas apresentarem defeito, dos votos serem anulados por falha na mídia eletrônica e o resultado da eleição ser decidido por margem estreita de votos. Na resposta, o TSE diz que, "na remota hipótese de impossibilidade de recuperação dos votos" e "num cenário em que os votos perdidos (anulados) façam diferença para a determinação do resultado", um novo pleito pode ser convocado para corrigir os problemas.
Sobre a questão, o TSE informou que a urna só reconhece aparelhos previamente conectados e identificados. "Caso seja identificado um dispositivo não conhecido em qualquer porta, o sistema operacional da urna desliga a alimentação da porta USB", diz a Corte.
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